xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: Jesus, bullying e a série 13 Reasons Why

domingo, 9 de abril de 2017

Jesus, bullying e a série 13 Reasons Why

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série 13 POR QUAIS RAZÕES

Eu sofri bullying por boa parte da minha vida escolar. Fui agredido por garotos mais velhos, perdi canetas, cadernos, e outras coisas, por terem sido “escondidas”, mas nunca devolvidas. Fui obrigado a pagar lanche ou entregar o meu para ficar bem com meus agressores. Era motivo de chacota e piada de muitos colegas, que abaixavam minhas calças, escondiam meu tênis, ou se aproveitavam de um “babau” de brincadeira para me violentarem. Boa parte das pessoas sabia das violências que eu sofria, mas ao verem meu sorriso no rosto, “achando graça” de tudo isso, acreditavam que tudo não passava de mera brincadeira. De fato, é difícil imaginar que adolescentes possam ser tão maus, que possam maquinar tanto o mal contra alguém simplesmente porque não tem condições físicas de se defender diante de colegas mais velhos e mais fortes que ele. Ao ver a história de Hannah, lembrei da minha, que já nem lembrava mais, e pensei nos muitos adolescentes que vivem hoje o que eu vivi e, que, diferente de mim, podem ter reações mais parecidas como as de Hannah. Assim, deixe-me compartilhar algumas conclusões minhas, sobre bullying:
 1. Bullying machuca – Enquanto eu sofria bullying ria bastante com meus agressores. Na verdade, eu os amava. Acreditava que esse era o único meio de ter amizade deles, então eu poderia sofrer um pouco para poder participar do grupo.
 2. Bullying é contagiante – Os meus agressores conseguiam incentivar outros a também entrarem na “brincadeira”. E eu mesmo, pratiquei agressões contra outros, reproduzindo o que era feito comigo.
 3. Bullying não é brincadeira – O que é chamado de brincadeira é um ato de dominação, subjugação e sadismo. Há grande prazer por parte dos que praticam as agressões em ver a humilhação e o sofrimento do outro. Esse sentimento de forma alguma pode ser considerado natural ou que deve ser estimulado. Ele trará consequências tanto para quem é agredido quanto para quem agride, imprimindo neste uma expectativa da vida que é falsa e perversa.
 4. Bullying não começa na escola – O bullying é um reflexo familiar. Nisto 13 Reasons Why pode contribuir bastante para a popularização desta discussão. Ao mostrar pais perdidos, desconectados e agressores dos filhos, chamou à responsabilidade aqueles que precisam estar mais atentos. É em casa o local mais propício para que os agressores sejam reconhecidos e possam ser ajudados, como os que sofrem agressões poderem encontrar meios de lidar com isso.
5. Há esperança para quem sofre bullying – Sofrer bullying não faz de você um fracassado na vida. O período escolar é um período muito curto para que você, adolescente, deposite todos os seus créditos. Jesus Cristo foi a pessoa mais agredida de toda a história da humanidade. A Bíblia nos diz que pelas feridas dele nós fomos sarados (Is 53. 5), isso inclui as feridas físicas e da alma que as agressões podem trazer. Em Cristo é possível encontrar esperança e saber que apesar do mal que podem fazer contra você, Cristo transforma em bem pelo seu poder redentor.
 6. Há esperança para quem faz bullying – O desejo de demonstrar superioridade e força para com os amigos é uma tentativa de ser aceito, semelhante ao que sofre o bullying. De fato, os dois estão no mesmo barco, são dois lados da mesma moeda. Mas esse desejo é impossível de ser satisfeito, não podemos agradar todo mundo. A vida é muito mais do que o tempo de escola e criar laços de afeto e amizade são muito mais importantes do que de superioridade. Jesus intercedeu pelos seus transgressores numa profunda demonstração de amor sacrificial (Lc 23.34). Ele também pode interceder pelos agressores de hoje. Você pode ser perdoado por Deus e, assim, transformar suas agressões em ações que beneficiem os outros, especialmente aqueles que não podem te beneficiar.
No fim das contas o que está em jogo é um profundo desejo por pertencimento, por aceitação. Deus nos criou como seres relacionais, que encontram no outro um objeto e fonte de amor. No entanto, esse amor ao próximo ou do próximo deve ser fruto do amor a Deus. Deus é amor e dele procede o amor genuíno. Quando isso não acontece o amor ao próximo termina por ser um fim em si mesmo, e este amor termina por ressignificar toda a vida, tornando-se assim, um ídolo.
Na adolescência, onde nossa identidade está em formação, ídolos servirão para tirar o foco de quem de fato deve ser nossa identidade. Neste processo de bullying, tanto aquele que sofre quanto o que faz estão buscando significado no reconhecimento dos outros, e terminam num processo de escravidão em que para serem aceitos precisarão atuar com os papéis impostos e esperados.
Isso não precisa ser assim. Adolescentes podem compreender que o significado da vida vai muito além da aceitação de um grupo. Eles podem ser instruídos a reconhecer os limites dos sacrifícios para alcançarem respeito do grupo, compreendendo que abrir mão de agradar pessoas pode ser uma grande libertação. O que de fato pode dar sentido à vida é a aprovação de Deus. Qualquer expectativa de agradar os outros cairá em profunda frustração, pois, não dá para agradar todo mundo a hora toda. Por isso até mesmo os pais precisam cuidar para que seus filhos não esperem uma aprovação de tudo que eles fazem. Pois essa expectativa é alta demais para qualquer um.
Então, o que fazer para agradar a Deus? Essa é a parte mais interessante! Você não precisa fazer nada, porque Cristo já fez tudo. Agradar a Deus é um ato de reconhecimento da incapacidade de agradá-lo por si mesmo, e uma dependência da mediação de Cristo, que nos leva a Deus por meio do que ele fez na cruz do Calvário. Você não precisa sofrer agressões e nem mesmo agredir ninguém; Cristo levou tudo na cruz. As boas novas do Evangelho nos garantem que todos aqueles que se achegam a Cristo não são lançados fora. Jesus é o melhor amigo e ele nunca se decepciona. Somente a partir desta certeza, de que a Jesus é suficiente, que podemos nutrir amizades saudáveis e não escravizadoras, pois Cristo nos chama à liberdade!
Espero que agressor e agredido possam encontrar paz no Evangelho de Cristo, andando juntos em verdadeira amizade, sem violência, mas com amor, o verdadeiro amor.

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