xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: janeiro 2017

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

É pecado questionar Deus? O cristão nunca deve questioná-lo?





É pecado questionar Deus? O cristão nunca deve questioná-lo?






Postado em: #VocêPergunta

Você pergunta: Estou passando por um momento de doença terrível. Mas sempre fui uma pessoa fiel a Deus e fico questionando porque Ele permitiu essa doença terrível em minha vida. Algumas pessoas têm me censurado dizendo que não posso questionar Deus. Mas o que devo fazer então? Devo ficar calada diante de tudo isso? Eu busco respostas. É pecado questionar Deus? Eu, como cristã, posso fazer isso ou estou errando? O que a Bíblia diz?

Cara leitora, essa questão de questionar Deus realmente traz alguma confusão na mente de muitas pessoas. Vamos meditar agora no que a bíblia diz sobre isso para que seu coração ande na direção certa com relação a essa dor que você está passando.
É pecado questionar Deus? O cristão nunca deve questioná-lo?

É pecado questionar Deus?

(1) Em primeiro lugar, vamos definir o que significa questionar. Eu separei dois dos principais significados dessa palavra segundo o dicionário online Priberan: “Fazer ou fazer-se pergunta(s): (Interrogar, perguntar). Pôr ou pôr-se em causa ou em dúvida”. Esses significados nos mostram que questionar é querer saber algo através de perguntas, de questionamentos, ou também colocar algo ou alguma coisa em dúvida. Sabendo disso, será que a Bíblia proíbe questionar Deus em qualquer situação ou existem situações em que isso nos é permitido?

(2) Em uma primeira análise podemos observar na Bíblia diversos servos de Deus questionando a Deus sobre várias coisas. Vejamos, por exemplo, este texto: “Por que, SENHOR, te conservas longe? E te escondes nas horas de tribulação?” (Salmos 10:1). Esse salmista questiona a aparente vitória dos perversos como se Deus não estivesse vendo. Mas observamos que no decorrer do salmo ele, em sua reflexão, compreende que Deus é soberano e que a sua avaliação não era correta a respeito de Deus, antes, Deus é justo, vê e julga todos os atos dos homens.

Em outro Salmos Davi questiona Deus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido?” (Salmos 22:1). Nesse outro caso também observamos que a sequência mostra que Davi em sua reflexão também encontra o equilíbrio em perceber que seu questionamento não era de todo correto perante o Senhor. Ou seja, ele não faz um questionamento murmurador, mas um questionamento buscando entender melhor as coisas.

(3) Isso me leva a pensar que questionar a Deus é algo que o próprio Deus nos permite fazer, pois Ele compreende a nossa dor e a nossa pequenez por, em muitos momentos, não sabermos lidar com situações adversas. Esse tipo de questionamento que nos aproxima mais de Deus, que nos leva em direção da compreensão daquilo que Deus quer ou está fazendo em nossa vida é um questionamento válido, pois ele não advém de um desejo de colocar em dúvida a grandeza, a soberania e todos os atributos de Deus, antes, vem de um desejo de compreensão da vontade de Deus que não nos parece clara em alguns momentos.

(4) Um dos grandes exemplos disso foi Jó. Veja um dos questionamentos de Jó a Deus: “Se pequei, que mal te fiz a ti, ó Espreitador dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado?” (Jó 7:20). O que observamos na história de Jó é que ele, mesmo com tantos questionamentos que estavam dentro do seu coração a respeito de toda a dor que passava, conseguiu encontrar respostas que o acalmaram e pode declarar isto a Deus: “Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia (…) Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42: 3,5). O mais interessante é que em todo o livro de Jó não vemos Deus explicar nada a Jó, antes, Deus apenas lhe faz perguntas reflexivas que o levam para mais perto Dele, mesmo sem ele saber os porquês da sua provação.

Quando é errado questionar Deus?

(5) Mas, certamente, questionar a Deus para colocar em dúvida Sua grandeza, soberania, Seus atributos e propósitos de forma murmuradora e incrédula, não é um questionamento que agrada o Senhor. Temos o exemplo do povo de Israel que questionou a Deus desta forma e colheram o desagrado Dele: “E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?” (Números 14:3). Esse questionamento injusto, baseado na falta de fé, na falta de humildade e na falta do reconhecimento a respeito de tudo quanto Deus faz, fez esse povo ser barrado de entrar na terra prometida, por já haverem questionado a Deus de forma murmuradora por pelo menos dez vezes (Números 14:22).

(6) Isso nos mostra que esse tipo de questionamento contínuo em que a pessoa apenas coloca em dúvidas as ações de Deus como se Ele fosse um moleque, não é aprovado pelo Senhor. Mas questionar a Deus de forma respeitosa ou de forma a tentar compreender os Seus desígnios não é pecado, desde que nos leve para mais próximos Dele, para mais perto da confiança em Seus planos e propósitos e não para questionamentos murmuradores, injustos e baseados apenas em uma situação isolada que estamos vivendo.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Pode um cristão ter uma árvore de Natal?



Pode um cristão ter uma árvore de Natal?


A origem ...  A história de enfeitar árvores é bem antes da era cristã, muitos povos o faziam em homenagens a deuses, a épocas ou a datas especiais. Os romanos faziam a seus deuses, os celtas, os druidas enfim muitos povos faziam sem que houvesse uma real explicação. Muitas são a historia e épocas que define a real associação da árvore com o Natal, século XV século XVI, Lutero, São Bonifácio, entre tantos...mais o nobre disso tudo não esta por quem, e sim PARA QUEM!

Tantos fizeram sem uma época certa, sem uma real definição, quando o cristianismo criou a Árvore de Natal, teve um motivo profundo, o Pinheiro uma das arvores que resiste a duras transformações climáticas se tornando firme, forte e soberana, representa a pessoa de Jesus, sua forma de triangulo na Santíssima Trindade, a Estrela na ponta o Nascimento de Jesus.

O problema é adora la, ou te la como amuleto da sorte, algo divino, algo santíssimo....é o que muitos que são contrários afirmam que os que tem a arvore de natal em casa faz, uma idolatria. Mas na minha simples consciência nada tem a ver, muitos que se dizem cristão colocam satanás em tudo, tudo vê maldade, duplo sentido ou até mesmo misturam achismo com falta de sabedoria.

Conclusão: Não é pecado nem contrario ter uma arvore de natal, se fosse assim até a data que tantos esperamos e muitas vezes com quebrantamento seria uma especia de idolatria, ou seja de igual modo tanto a arvore como o dia 25 de Dezembro seria pecado, mais na verdade o pecado esta na essência humana, esta no pensamento e praticas, agora quando andamos na luz tudo que façamos se torna luz, a renovação da mente nos faz livre de toda superstição, crendices e ignorância. Então pode sim ter uma arvore de natal, quando sabemos que adorar a Deus e ao nosso senhor e salvador Jesus não esta associado em objeto algum.

Você precisa se preocupar com teologia?


Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. (Os 4.1)

Você precisa se preocupar com teologia? Ou teologia é “coisa” só para seminaristas e pastores? Quem é o verdadeiro teólogo? Aquele que é mestre ou doutor em teologia, ou qualquer que tenha opinião formada sobre Deus? Aliás, porque se preocupar com isso? Não seria a experiência com Deus mais importante do que o conhecimento de Deus?

Muitas pessoas, em sua ignorância, acabam achando mesmo que teologia é coisa só para poucos. Na verdade, todos são teólogos, visto que todos sempre têm uma palavra para emitir sobre a pessoa de Deus. Sempre que alguém diz: “Para mim, Deus é…”, ou, “para mim, Deus não existe”, tais pessoas estão emitindo opiniões sobre Deus.

Querendo ou não, todos são teólogos. Teologia é o estudo sobre Deus, ou seja, teologia tem a ver com o “conhecimento de Deus”. Agora, voltando às perguntas (pois elas são a melhor forma de se ensinar algo), seria o conhecimento de Deus algo importante? É importante conhecer a Deus? Por que é importante conhecer a Deus (antes de morrer)?

Teologia = Conhecimento de Deus. Alguém que diz que não gosta de teologia é alguém que não gosta de…? Isso: conhecer a Deus. A verdadeira teologia é aquela que é feita na Sagrada Escritura, pois é ela que ensina sobre a obra e pessoas da Santíssima Trindade. É sempre na ausência do “conhecimento de Deus” que o povo de Deus acaba se perdendo ou sendo destruído: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. (Os 4.6a)

Desde cedo, pessoas na Bíblia se preocupavam em transmitir às futuras gerações o “conhecimento de Deus” que possuíam. A falha nisso causou verdadeiras tragédias espirituais e nacionais em Israel. A “chave” para a “vitória” em Israel estava em transmitir o “conhecimento de Deus” que possuíam e serem fiéis em obedecer tais ensinamentos. Isso, e só isso, traria “vitória” para Israel, em tudo o que fizessem.

Não apenas reis, sacerdotes e profetas se importavam com isso, mas pais também. Eram os pais os principais responsáveis pela transmissão da Verdade de Deus para seus filhos. Ninguém deveria ser negligente ou preguiçoso em sua busca por “conhecimento de Deus”. Um claro exemplo disso são as palavras de Salomão ao seu filho:

Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e para inclinares o coração ao entendimento, e, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus. (Pv 2.1–5)

Note o conselho do Espírito Santo a todos nós através dos conselhos de Salomão ao seu filho. Deus deseja que: a) aceitemos Sua Palavra; b) decoremos (esconder) Sua Palavra; c) prestemos atenção a tudo que diz respeito à Bíblia; d) amemos com todo coração o “entendimento” que vem da Palavra; e) depois de tudo isso, clamarmos por mais inteligência (emocional e espiritual); e, finalmente, f) nos interessarmos e investirmos naquilo que tem a ver com o “conhecimento de Deus”.

A promessa é que, se fizermos tudo isso com zelo e carinho, que começaremos a conhecer realmente quem é Deus. Veja, eu disse “começaremos a conhecer”. Teologia não é algo feito em um mês ou quatro anos. Não é algo que se aprende em um livro técnico sobre determinada doutrina. Teologia se obtém no labor associado à oração e à leitura. Todos devemos ler a Bíblia, e todos devemos orar a Deus.

É no exercício dessas práticas que começamos a obter “conhecimento de Deus”. O segundo passo é introduzirmos leituras relacionadas a Deus, ou seja, livros de teologia, livros sobre doutrinas da Bíblia. Estes livros, quando bem escolhidos, servem para nos ajudar a conhecer melhor a Deus. Se determinado livro não lhe servir no crescimento de seu conhecimento de Deus, verdadeiramente este livro não lhe serve para coisa alguma além de mera diversão (ou distração).

Livros não trazem conhecimento de Deus. A Bíblia traz. Livros só nos ajudam quando firmemente alicerçados sobre a Escritura ou quando encharcados pela cosmovisão bíblica.

Voltando à pergunta inicial, por que se importar com teologia? Porque é a teologia que lhe ajudará a conhecer melhor a Deus. E este é o desejo de Deus revelado em Oséias 4.1, escrito bem abaixo do título acima. Segundo o texto, Deus possuía uma contenda com os moradores da Terra. Esta tristeza e insatisfação se deu pelo fato de não haver amor entre os homens; e, qual a razão da falta desse amor? Não havia verdade, muito menos o conhecimento de Deus.

Assim, teologia não é coisa apenas de seminarista. Teologia é para todos! R. C. Sproul, citado por Dave Harvey em seu livro Quanto pecadores dizem ‘sim’ (Editora Fiel), afirma que: “Todo cristão é um teólogo. Ele pode não ser um teólogo no sentido técnico ou profissional, mas ainda é um teólogo. A questão não é ser ou não ser um teólogo, mas se somos bons ou maus teólogos”.

Quer você tenha pouco conhecimento de Deus ou muito, por causa disso você possui uma “teologia” em sua mente, um “conhecimento de Deus” guardado em si. O que Deus claramente espera em Sua Palavra é que você cresça e amadureça este conhecimento que você possui sobre Ele. Não permaneça ignorante a respeito da Palavra de Deus e do Deus da Palavra. Ignorância é pecado. Falta de conhecimento de Deus é pecado. É desobedecer sua Palavra que diz: Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR;(Os 6.3a)


Obedeçamos a Palavra de Deus. Seja onde for, seja quando for, sempre tenhamos a Palavra de Deus e um bom livro sobre Deus à mão. Temos tão pouco tempo para viverQue tal se vivermos intensamente na busca do “conhecimento de Deus”? (by Wilson Porte)

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Quantos animais entraram na arca de Noé? Tinha espaço para todos?




Quantos animais entraram na arca de Noé? Tinha espaço para todos?


Postado em: #VocêPergunta
Você Pergunta: Me converti há cerca de 2 anos e gosto muito de estudar a Bíblia, mas confesso a você que a história que mais me deixa desconfiado na Bíblia é a da arca de Noé. Com a grandeza desse mundo e A quantidade de animais que temos, fico me perguntando se é realmente possível que a arca de Noé realmente seja algo real. Quantos animais entraram na arca de Noé? Seria possível um único barco realizar essa obra? Haveria ali espaço para todos? Essas são perguntas que me deixam muito confuso.

Caro leitor, eu já sou cristão há quase 20 anos e posso lhe garantir que a Bíblia Sagrada é verdadeira em todos os seus relatos, pois a estudo de forma profunda. Sobre a arca de Noé, quero lhe dar algumas informações que talvez tenham passado despercebido dos seus estudos e que lhe ajudarão a verificar a veracidade dos fatos.
Quantos animais entraram na arca de Noé? Tinha espaço para todos?

Quantos animais entraram na arca de Noé?

(1) Nas instruções de Deus acerca de quantos animais seriam levados na arca, observamos o seguinte: “De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea. Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra” (Gênesis 7:2-3).

Provavelmente esses animais “limpos” seja uma referência a animais de rebanho que serviriam de alimentação posteriormente. Desses são 7 pares. Das aves também são 7 pares. Do restante dos animais são 2 pares. Quando observamos isso, a primeira coisa que vem à nossa mente é: Como poderia caber tantos animais assim na arca? A isso, precisamos fazer algumas observações:

Haveria espaço para tantos animais na arca de Noé?

(2) Qual seria o conceito de espécie que se tinha na época bíblica? Não sabemos ao certo. Porém, é bem possível que na arca tenham sido levados apenas um casal de cada espécie e não dois indivíduos que representassem cada particularidade de cada espécie. Eu explico: Vamos usar como exemplo os cães domésticos. Sabemos hoje que todos os cães domésticos são da espécie Canis familiaris. Mas dentro dessa espécie de cães temos vira-latas, poodle, pastor-alemão, etc. Na arca possivelmente foram apenas dois dessa espécie e não dois de cada “subespécie” dessa. Esses dois (cães) que foram levados deram origem a diversidade que temos hoje, considerando que a parte da matéria que trata de certas facetas da evolução das espécies é verdadeira.  Isso já diminuiria em muito a necessidade de espaço.

(3) Outro dado interessante é que uma grande parte das espécies de animais existentes no planeta são aquáticas, ou seja, não teriam sérios problemas com o dilúvio a ponto de necessitarem de um espacinho na arca. Isso já economizaria mais uma quantidade enorme de espaço.

(4) Mais um fato a ser considerado é que um planejamento inteligente jamais levaria na arca animais já adultos ou velhos. É altamente possível que os animais levados fossem filhotes. Enquanto um elefante adulto pode chegar a quatro metros de altura e pesar cerca de quatro toneladas, um filhote mede cerca de um metro e pesa em torno de cem quilos.
Mais um monte de espaço economizado. Os filhotes teriam muito mais potencial de dar continuidade à espécie do que um adulto velho. Além disso, a maioria das espécies não são de porte grande, principalmente, se considerarmos o seu tamanho enquanto filhotes. Isso já começa a abrir a sua mente a respeito de quantos animais entraram na arca e se havia espaço ali? Vamos a mais dados:

(5) Para fechar, de acordo com Dr. Henry Morris, citando a arca de Noé em seu livro, [MORRIS, Henry. Criação ou Evolução. São Paulo: Fiel, 1979.], “considerando os três andares que possuía, ela tinha o tamanho suficiente para abrigar o conteúdo de 522 vagões ferroviários modernos. Isso significa que, na arca, havia espaço para mais de 120.000* animais e alimento para todos” (Considerando o tamanho médio de uma ovelha). É bastante espaço, não?

(6) Assim, não sabemos ao certo quantos animais entraram na arca de Noé, mas sabemos que todas as informações que temos na Bíblia torna sim possível essa história mesmo do ponto de vista científico. Se olharmos ainda com os olhos da fé, sabendo a grandeza do poder de Deus, então, não há como negar tal fato.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A Coroa de Espinhos





A Coroa de Espinhos




“E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus” (Mateus 27:29).
Antes que entremos ao quartel dos soldados e contemplemos com atenção “a sagrada cabeça uma vez ferida”, será conveniente considerar quem e o que era a pessoa que foi cruelmente submetida assim à vergonha. Não esqueçam a excelência intrínseca de Sua pessoa, pois Ele é o esplendor da glória do Pai, e a imagem expressa de Sua pessoa. Ele é em Si mesmo Deus sobre todas as coisas, bendito pelos séculos, a Palavra eterna pela qual todas as coisas foram feitas, e todas as coisas Nele subsistem. Ainda que era Herdeiro de todas as coisas, e Príncipe dos reis da terra, foi desprezado e rejeitado entre os homens, “varão de dores, experimentado no quebranto;” Sua cabeça foi coroada com uma coroa de espinhos por zombaria. Seu corpo foi ataviado com um manto de púrpura desbotada. Uma pobre cana foi colocada em Sua mão como cetro, e logo a soldadesca impudica se atreveu a olhar-lo na cara e afligir-lhe com suas sujas zombarias:

“Os soldados também cuspiram sobre esse rosto
Que os anjos junto aos profetas
Anelavam ver por graça, porem não se lhes concedeu.
Houve alguma vez dor igual a Minha?”
Não esqueçam a glória à que estava acostumado em outro tempo, pois antes que viera à terra, Ele estava assentado no seio do Pai, sendo adorado por querubins e serafins, obedecido por todos os anjos, reverenciado por todo principado e potestade nos lugares celestiais – no entanto, aqui está sentado, sendo tratado pior que um criminoso, convertido no centro de uma comédia antes de volver-se na vítima da tragédia. O sentaram sobre alguma cadeira quebrada, o cobriram com um velho manto de soldado, e logo o insultaram como se fosse um monarca de mentira:
“Eles dobraram seus joelhos diante de Mim, e clamaram: Salve rei;
Tudo o que as piadas e o escárnio podem imaginar
Eu sou o chão, a pia, o lixo
Houve alguma vez dor igual a Minha?”
Seu amor por nós O impulsionou a aceitar um terrível abatimento! Olhem que baixo Ele caiu para nos levantar de nossa queda! Não se esqueçam que no preciso momento em que estavam se burlando Dele, dessa maneira, Ele era o Senhor de tudo, e podia convocar doze legiões de anjos para que viessem em Seu resgate. Havia majestade em Seu abatimento; Ele tinha abandonado, é certo, a gloriosa pompa imperial dos átrios de Seu Pai, e agora era o homem humilde de Nazaré, porem, apesar disso, se o tivesse desejado, um olhar desses olhos teriam fulminado à soldadesca romana; uma palavra desses lábios silenciosos teriam estremecido o palácio de Pilatos desde o texto até aos fundamentos; se houvera desejado, o irresoluto governador e a maligna multidão teriam sido conjuntamente lançados vivos ao abismo, igual que Coré, Datã e Abirão em tempos antigos. Eis aqui, o próprio Filho de Deus, o muito amado do céu e o príncipe da terra, sentado ai, coroado com a cruel coroa que fere Sua mente e Seu corpo, a mente pelo insulto, e o corpo pela dor afiada e penetrante. Seu rosto de rei foi desfigurado por “feridas que não cessam de sangrar, que gotejam fracas e lentamente”, no entanto, essa “fronte muito nobre e amada” foi uma vez a mais formosa dos filhos dos homens, e ainda nessas circunstâncias, era o rosto de Emanuel, Deus conosco.
Recordem essas coisas e verão a Cristo atentamente com olhos iluminados e ternos corações, e serão capazes de entrar mais plenamente em comunhão com Ele em Suas aflições. Recordem desde onde veio, e lhes assombrará em maior grau que tenha descendido tão baixo. Recordem o que era e mais lhes surpreenderá que se tenha convertido em nosso Substituto.
E agora, abramos passo até a guarita dos guardas, e contemplemos a nosso Salvador com a cora de espinhos posta. Não nos deteremos muito nas especulações sobre o tipo de espinhos que lhe puseram. De conformidade aos rabinos e aos especialistas em botânica, existiam umas vinte ou vinte e cinco espécies diferentes de arbustos espinhosos que cresciam na Palestina. E diferentes escritores selecionaram, quer seja uns e outros desses arbustos, de acordo seus próprios juízos ou preferências, como os espinhos peculiares que foram usados nessa ocasião. Porem, por quê eleger um espinho entre muitas? Ele não suportou só uma dor, mas sim todas: e cada espinho seria suficiente; a própria incerteza quanto à espécie peculiar nos proporciona uma instrução. Muito bem poderia ser que mais de uma variedade de espinhos tenha sido tecida nessa coroa: seja como for, o pecado espargiu tão proficuamente espinhos e cardos na terra, que não houve nenhuma dificuldade para encontrar os materiais, como tampouco houve escassez de aflições para castigá-lo cada manhã e fazer que sentisse dor todos Seus dias.
Os soldados poderiam ter usado ramos flexíveis da árvore de acácia, essa madeira que não apodrece, da qual se tomaram para fazer muitas das sagradas tábuas e utensílios do santuário; e, portanto, teriam sido utilizados de maneira significativa se esse fora o caso. Poderia ser certo, como os antigos escritores geralmente o consideravam, que a planta usada foi a conhecida como spina Christi[1], pois conta com muitas espinhas agudas e pequenas, e com usas verdes folhas se poderia tecer uma grinalda, como as que utilizavam para coroar aos generais e aos imperadores depois de uma batalha. Porem, vamos deixar esse assunto; foi uma coroa de espinhos que transpassou Sua fronte, e lhe causou sofrimentos e vergonha, e isso nos basta. Nossa pergunta agora é: o que vemos quando nossos olhos contemplam a Jesus Cristo coroado de espinhos? Existem seis elementos que me impressionam notávelmente, e ao levantar a cortina, os rogo que prestem muita atenção, e peço que o Espírito Santo derrame Sua iluminação divina e clareie a cena diante de nossas almas maravilhadas.
I. O primeiro que o observador mais distraído pode ver, antes de escavar debaixo da superfície, é UM ESPETÁCULO DOLOROSO. Aqui está o Cristo, o Cristo terno, amante, generoso, sendo tratado com indignidade e escárnio; aqui está o Príncipe da Vida e da Glória, convertido em objeto de escárnio pela soldadesca atrevida. Contemplem hoje ao lírio entre os espinhos, a pureza brotando em meio do pecado que se lhe opõe. Vejam ao sacrifício enroscado na espessura, e sujeitado com firmeza ai, como uma vítima em nosso lugar para cumprir o antigo tipo do carneiro preso em um arbusto, que Abraão sacrifício em lugar de Isaque. Três coisas devem ser analisadas cuidadosamente nesse espetáculo de dor.
Aqui observamos a mansidão e a debilidade de Cristo submetidas pelos alegres legionários. Quando trouxeram a Cristo ao quarto da guarda, eles sentiam que o encontrava inteiramente em seu poder, e que Suas pretensões de ser um rei eram tão absurdas, que só poderiam ser um tema de desprezada zombaria. Estava pobremente vestido, pois somente levava a túnica de um campesino, era por acaso então um pretendente para vestir a púrpura? Guardava silêncio, e era o homem que fora incitar à nação a sedição? Estava todo cheio de feridas e hematomas, e acabava de sofrer o látego do verdugo, era então o herói que inspiraria o entusiasmo de um exército para derrocar à velha Roma? Parecia uma estranha diversão para eles, e como as bestas selvagens jogam com suas vítimas, assim eles jogavam com Ele. Garanto-lhes que eram muitas as piadas e os desprezos da tropa romana por suas costas, e forte era o riso em meio de suas fileiras. Olhem Seu rosto, que manso se mostra! Que diferente dos rostos altivos dos tiranos! Burlar-se de Seus direitos reais não era senão algo natural para a rude tropa. Ele era tão dócil como um bebê, tão terno como uma mulher; Sua dignidade era de uma resistência calma e tranquila, e certamente não era uma dignidade cuja força poderiam sentir esses semibárbaros homens, portanto o enevoavam com desprezos.
Recordemos que a debilidade de nosso Senhor foi assumida por nossa causa: por nós se converteu em cordeiro, por nós deixo de lado Sua glória, e, portanto, é mais doloroso quando vemos que essa humilhação voluntária, assumida em Si mesmo, foi o objeto de tanta gozação e escárnio, ainda que dignas de mais alto preço. Ele se humilha para nos salvar, e nós rimos conforme se rebaixa; Ele deixa o trono para poder elevar-nos a esse trono, porem, enquanto Ele está graciosamente condescendendo, o riso grosseiro de um mundo ímpio é Sua única recompensa. Que coisa tão terrível! Por acaso foi o amor tratado de uma forma tão pouco amável? Certamente a crueldade que recebeu foi proporcional à honra que merecia, tão perversos são os filhos dos homens.

“Oh, cabeça tão cheia de golpes!
Fronte que perde o sangue vital!
Oh grandiosa humildade.
Sobre Seu rosto caem
As mais amargas indignidades;
Ele suporta tudo isso por mim.”
Não era simplesmente que se burlavam de Sua humildade, mas sim que zombavam de Seus direitos de ser um rei. “Ah ah!” pareciam dizer, “é esse um rei? Deve se tratar de alguma rústica tradição judia, em verdade, que esse pobre carpinteiro reclame o direito de usar uma coroa. Por acaso esse é o Filho de Davi? Quando baterá em retirada à César e seus exércitos até o mar, e estabelecerá um novo estado, e reinará em Roma? Esse judeu, esse campesino, acaso irá cumprir o sonho de Sua nação, e governará sobre toda a humanidade?” Ridicularizavam essa ideia às mil maravilhas, e não nos surpreende que o fizeram, pois não podiam perceber Sua verdadeira glória.
Porem, amados, meu ponto jaz aqui, Ele era um rei no sentido mais verdadeiro e enfático. Se não tivesse sido um rei, então, como um impostor, teria merecido o escárnio, porem não haveria sentido tão profundamente; porem, sendo de verdade e realmente um rei, cada palavra deve ter atormentado Sua alma regia, e cada sílaba deve ter ferido profundamente seu espírito real. Quando os pretendidos direitos de um importar ficam expostos e são entregues ao escárnio, essa mesma pessoa sabe muito bem que merece todo o desprezo que recebe, e que pode dizer? Porem, se o herdeiro verdadeiro de todas as propriedades do céu e da terra tem Seus direitos denegados e Sua pessoa escarnecida, então Seu coração fica ferido, e a repreensão e a reprovação o enchem de aflição. Deveras não é triste que o Filho de Deus, o bendito e único Potentado, tenha sido desonrado dessa forma?
E não se tratou de piadas, simplesmente, mas sim que a crueldade acrescentou dor ao insulto. Se somente tivessem tido a intenção de burlar-se Dele, poderiam ter tecido uma coroa de palha, porem, eles se propuseram em infligir-lhe dor, portanto, teceram uma coroa de espinhos. Contemplem, lhes rogo, a Sua pessoa, ao tempo que sofre nas mãos deles. O haviam acoitado até o ponto de provavelmente não havia nenhuma parte de Seu corpo que não sangrasse sob os golpes, exceto Sua cabeça, e agora deviam também fazer essa cabeça sofrer. Ai, toda nossa cabeça estava enferma, e todo nosso coração desfalecente, e assim Ele deve ser feito em Seu castigo semelhante a nós em nossa transgressão. Não havia nem uma só parte de nossa humanidade sem pecado, e não devia ter nenhuma parte de Sua humanidade sem sofrimento. Se tivéssemos escapado em alguma medida de iniquidade, Ele teria podido de escapar da dor nessa mesma medida, porem como levávamos o vestido sujo da transgressão, e ele nos cobria por completo da cabeça aos pés, ele também deveria levar as vestes da vergonha e da burla desde o alto da Sua cabeça à planta de Seus pés.
Oh amor, tão ilimitado para ser exibido
Por ninguém, exceto unicamente pelo Senhor!
Oh amor ofendido, que suporta
As dores e a descarada maldição do ofensor!
Oh amor, que não poderia ter outro motivo,
Que a pura benignidade de salvar.”
Amados, sempre sinto como se minha língua estivesse amarrada, quando me coloco a falar dos sofrimentos de meu Senhor. Posso pensar neles, posso imaginá-los para mim, posso sentar-me e colocar-me a chorar por eles, porem não sei como retratá-los para os demais. Por acaso conheceram alguma pluma ou lápis que poderia pintá-los? Inclusive um Michelangelo ou um Rafael poderia muito bem retrair-se ao intento de pintar esse quadro; e a língua de um arcanjo poderia consumir-se no esforço de cantar as aflições Daquele que foi carregado com a vergonha de nossas transgressões vergonhosas. Os peço que, mais que escutar, meditem, e que se sentem e vejam a seu Senhor com seus próprios olhos amantes, em vez de considerar minhas palavras. Eu só posso bosquejar o quadro, delineando toscamente ao carvão; devo deixar que vocês ponham as cores, e que logo se sentem e o estudem, porem, fracassarão como eu fracasso. Poderemos mergulhar, mas não poderemos alcançar as profundezas desse abismo de dor e de vergonha. Poderemos voltar atrás, porem esses montes acoitados pelas tormentas estão, todavia, por cima de nós.
II. Decorrendo outra vez a cortina desse espetáculo vergonhoso, vejo aqui uma ADVERTÊNCIA SOLENE que nos fala suavemente e nos comove desde esse espetáculo de dor. Perguntar-me-ão qual é essa advertência. É uma advertência para que jamais cometamos o mesmo crime que os soldados cometeram. “Ele mesmo!”, dirá; “vamos, nós jamais teceríamos uma coroa de espinhos para colocá-la nessa amada cabeça.” Elevo minhas orações para que jamais o façam; porem, existem muitas pessoas que o fizeram e o seguem fazendo. Os que negam Seus direitos são culpados desse crime. Os sábios desse mundo estão muito ocupados nesse mesmo momento por todo o universo, muito ocupados em recolher espinhos para enroscá-las e poder torturar ao Ungido do Senhor. Alguns deles afirmam: “sim, Ele foi um bom homem, porem não o Filho de Deus;” outros negam inclusive Sua excelência superlativa na vida e no ensino; colocam reparações a Sua perfeição e imaginam falhas onde não houve nenhuma. Nunca se sentem mais felizes que quando impugnam Seu caráter.
Eu poderia estar me dirigindo a alguns infiéis confessos aqui, a alguns céticos no relativo à pessoa do Salvador e a Sua doutrina, e eu os acuso de coroar de espinhos ao Cristo de Deus cada vez que inventam acusações cruéis contra o Senhor Jesus, e quando expressam insultos contra Sua causa e de Seu povo. Ao negar-lhe Seus direitos e especialmente ao ridicularizá-los, estão repetindo a infeliz cena que temos diante de nós. Há algumas pessoas que usam todo seu gênio, e exercitam sua máxima habilidade, unicamente em descobrir discrepâncias nas narrações do Evangelho, ou invocar diferenças entre seus supostos descobrimentos científicos e as declarações da Palavra de Deus. Frequentemente espetaram suas próprias mãos quando estão tecendo coroas de espinhos para Ele, e eu temo que algum deles terão que deitar-se sobre um leito espinhoso quando cheguem à morte, como resultado da ostentação de sua investigação científica das sarças com as que pretendiam afligir ao Amante da humanidade. Seria muito bom que não tivessem que deitar-se eternamente sobre algo pior que espinhos, quando Cristo venha pra julgá-los, condená-los e lançá-los no lago de fogo por todas suas impiedades concernentes a Ele. Oh, que abandonassem esse ofício malicioso e inútil de tecer coroas de espinhos para Ele, que é a única esperança do mundo, cuja religião é a estrela solitária que dá brilho à meia-noite da aflição humana, e guia o mortal ao porto da paz!
Inclusive pelos benefícios temporais do cristianismo, o bom Jesus deveria ser tratado com respeito; Ele emancipou ao escravo, e libertou o oprimido; Seu Evangelho é a carta magna da liberdade, o açoite dos tiranos e a morte dos sacerdotes. Propaguem-no e estarão propagando a paz, a liberdade, a ordem, o amor e a alegria. Ele é o maior dos filantropos, o verdadeiro amigo do homem, por que então, se colocam em fileira de batalha contra Ele, vocês que falam de progresso e ilustração? Basta com que os homens O conheçam e O coroariam com diademas de reverente amor mais preciosas que as pérolas da Índia, pois Seu reino abrirá as portas da época de ouro, e mesmo agora suaviza o rigor do presente, assim como erradicou as misérias do passado. Não é um bom negócio estar censurando e objetando, e eu os suplico aos que estão envolvidos nele que cessem em seus esforços pouco generosos, indignos de seres racionais e nocivos para suas almas imortais.
Essa coroação de espinhos é efetuada de outra forma por profissões hipócritas de fidelidade a Ele. Esses soldados colocaram uma coroa na cabeça de Cristo, porem não estavam manifestando sua intenção de que fosse rei; eles puseram um cetro em Sua mão, porem não era a valiosa vara de marfim que significava poder real, era só uma cana fina e frágil. Com isso, nos lembram que Cristo é escarnecido por professantes insinceros. Oh, vocês que não lhe amam no profundo de suas almas, vocês sãos que zombam Dele; porem, perguntarão: “em que falhei em coroar-lhe? Por acaso não me uni a igreja? Por acaso não professei que sou um crente?” Oh, porem, se seus corações não são retos dentro de vocês, unicamente lhe coroaram de espinhos; se não lhe entregaram sua própria alma, lançaram um cetro de cana em Sua mãos, em terrível escárnio. Sua própria religião zomba Dele. Suas profissões mentirosas são um escárnio. Quem requereu isso de suas mãos, que pisoteie Seus átrios? Você o insulta em Sua mesa! O insulta quando está de joelho! Como pode dizer que O ama quando seu coração não está com Ele: Se nunca creu Nele, e não se arrependeu de seu pecado, e não aceitou obedecer Seus mandamentos, se não O reconhece como Senhor e Rei em sua vida diária, o exorto a que renuncie à profissão que é tão desonrosa para Ele. Se é Deus, sirva-lhe; se é Rei, obedece-lhe; senão é nada disso, então não professe ser cristão. Seja honesto e não traga nenhuma coroa, se não lhe aceita como Rei. Que necessidade há para que o insulte de novo com um domínio nominal, com uma homenagem falsa, e um suposto serviço? Oh, vocês hipócritas, considerem seus caminhos, não seja que logo o Senhor que provocaram se desembarace de Seus adversários.
O mesmo pode fazer, em alguma medida, os que são sinceros, porem que por falta de vigilância caminham de maneira tal que desonram sua profissão. Aqui, se falo corretamente, irei forçar cada um de vocês a confessar em seus espíritos que são condenáveis; pois cada vez que atuamos de acordo com nossa carne pecaminosa, coroamos de espinhos a cabeça do Salvador. Quem de nós não fez isso? Amada cabeça, cujos cabelos, cada um deles, são mais preciosos que o ouro fino, quando te entregamos nossos corações pensamos que sempre te adoraríamos, que nossas vidas inteiras seriam um único salmo entendido, louvando-lhe a bendizendo-lhe e coroando-lhe. Ai, como ficamos longe de nosso próprio ideal! O rodeamos com as sarças de nosso pecado. Sucumbimos a um temperamento irado, de tal forma que falamos inadvertidamente com nossos lábios; fomos mundanos e amamos o que Tu aborreces, ou cedemos a nossas paixões, e nos entregamos a nossos desejos malvados. Nossas vaidades, insensatez, esquecimentos, omissões e ofensas colocaram sobre Sua cabeça uma grinalda de desonra e nos estremecemos ao pensar nisso. Oh, cruéis corações e mãos que maltrataram assim ao Bem-amado, a Quem deveríamos ter tido o cuidado de glorificar diariamente!
Falo para algum rebelde cujo visível pecado desonrou a cruz de Cristo?  Temo que esteja me dirigindo a alguns que uma vez tiveram um nome que é para vida, porem que agora são contados com os mortos em pecado. Certamente se existe uma fagulha de graça em vocês, o que estou dizendo agora tem que ferir-lhes no mais profundo, e atuar como sal sobre uma ferida aberta para fazer que sua alma se doa. Por acaso não lhes zumbi os ouvidos quando os acuso de atos deliberados de inconsistência que teceram uma coroa de espinhos para a cabeça de nosso amado Senhor? Assim é, em verdade, pois vocês abriram suas bocas blasfemas, ensinaram aos adversários a vituperá-lo, afligiram à geração de Seu povo e fizeram a muitos tropeçar. Homens ímpios colocaram as faltas de vocês a porta do inocente Salvador; disseram: “essa é sua religião.” Vocês cultivaram os espinhos, porem Ele teve que sofrê-los. Nós chamamos nossas ofensas de inconsistências, porem os homens mundanos as consideram como o fruto do cristianismo, e condenam a videira por culpa dessas vides amargas. Acusam ao santo Jesus com as culpas de Seus seguidores desviados. Queridos amigos, não há espaço para que nos sintamos citados e prevenidos, cada um de nós? Ao considerá-lo, venhamos ao afligido e amante Penitente, e lavemos Seus amados pés com lágrimas de arrependimento, porque coramos de espinhos Sua cabeça.
Assim, nosso Deus e Senhor coroado de espinhos está diante de nós como um espetáculo doloroso, transmitindo-nos uma solene advertência.
III. Levantando novamente o véu, vemos na pessoa de nosso Senhor, torturado e insultado, uma FIRMEZA TRIUNFANTE. Ele não podia ser vencido, Ele era vitorioso inclusive na hora da vergonha mais profunda –
“Ele com um coração resoluto
Carregou toda a ignorância e vergonha
Em meio da dor mais aguda
Amou de igual modo, sim, amou de igual modo.”
Ele estava suportando naquele momento, em primeiro lugar, as aflições substitutivas que lhe correspondiam porque Ele esteve em nosso lugar, e não as evitou. Nós éramos pecadores, e a recompensa do pecado é dor e morte, portanto, sobre Ele foi o castigo de nossa paz. Ele estava suportando nesse momento o que nós tínhamos que ter suportado, esvaziando a copa que a justiça tinha misturado para nós. Deixou-se para trás? Oh, não. Quando chegou o momento de beber desse fel e desse absinto no jardim, colocou a mistura em Seus lábios, e o golo pareceu cambalear Seu forte espírito por um momento. Sua alma estava muito triste, até a morte. Estava como alguém angustiado em grande medida, abalado de um lado para outro por uma agonia interna. “Pai”, disse, “se possível for, passe de mim esse cálice.” Três vezes pronunciou essa apelação, enquanto cada porção de Sua condição humana era o campo de batalha de legiões de aflições. Sua alma se apressava em sair por cada poro para encontrar respiradouro para seus inchaços, e Seu corpo inteiro estava coberto com suor de sangue. Depois dessa tremenda luta, a força do amor controlou a debilidade da humanidade; colocou esse cálice em Seus lábios e não titubeou, mas sim que sorveu dele até que não restasse nenhum resíduo; e agora a copa de ira está vazia, nenhum vestígio do terrível vinho da ira de Deus pode se achado nela. De um tremendo sorvo de amor, o Senhor bebeu até a última gota, a destruição de todo Seu povo. “Quem é o que condenará? Cristo é o que morreu, mas ainda, o que também ressuscitou,” e “agora, pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, os que não andam conforme a carne, mas sim conforme o Espírito.” Certamente, a resistência havia alcançado um ponto muito alto quando foi sujeito a suportar a dolorosa gozação que nosso texto descreve, porem, Ele não se acovardou, nem modificou Seu propósito estabelecido. Ele havia se comprometido, e chegaria até o fim. Observem-no, e vejam ali um milagre de paciente resistência das aflições que teriam mandando ao inferno a todo um mundo, se Ele não houvesse carregado com elas em nosso favor.
Alem da vergonha e do sofrimento devidos pelo pecado, com os que o Pai O quis quebrantar, Ele estava suportando o excesso da malícia do ódio dos homens. Por que os homens tinham que ter concentrado todo seu escárnio e sua crueldade em Sua execução?  Não bastava com que Ele morresse? Gerava prazer a seus corações de ferro atormentar Suas sensibilidades mais ternas? Por que razão essas invenções para aprofundar Sua dor? Se qualquer um de nós houvesse sido escarnecido assim, não o teríamos suportado. Não há nenhum homem ou mulher aqui que teriam podido permanecer calados sob tais indignidades, porem, Jesus estava sentado em onipotência de paciência, em controle de Sua alma de maneira régia. Glorioso modelo de paciência, te adoramos quando vemos como a malícia não pôde vencer Teu amor todo poderoso! A dor que tinha suportado por causa dos açoites o fazia palpitar com extrema angústia, porem não lemos nada sobre lágrimas ou gemidos, muito menos de queixas iradas ou ameaças vingativas. Não busca piedade, nem faz um chamado à redução do castigo. Não pergunta por quê torturam ou por que escarnecem. Intrépida testemunha! Mártir valoroso! Sofrendo terrivelmente, Tu sofres por sua vez com calma. Com tão perfeita estrutura corporal como a Sua, pois Seu corpo havia sido concebido sem pecado, deve ter sido suscetível de torturas que nossos corpos, transtornados pelo pecado, não poderiam sentir. Sua pureza delicada sentia um horror pela zombarias sem pudores que nossos espíritos mais endurecidos não poderiam calcular. No entanto Jesus suportou tudo, como somente o Filho de Deus poderia suportá-lo. Poderiam ter aumentado a carga como tivessem desejado, Ele só haveria agregado maior resistência para suportar tudo, porem jamais teria retrocedido nem se acovardado.
Atrevo-me a sugerir que tal era o quadro de paciência que nosso Senhor exibiu, que comoveu até mesmo alguns membros da tropa romana. Já lhes ocorreu perguntarem-se como Mateus chegou a inteirar-se sobre todo esse escárnio? Mateus não estava lá. Marcos também nos proporciona um relato a respeito, porem não lhe haveriam permitido estar na sala dos guardas. Os guardas pretorianos eram muito orgulhosos e rudes para tolerar a presença de judeu, e muito menos dos discípulos de Jesus no pretório. Posto que ninguém podia estar ali exceto os próprios legionários, é bom fazer-se a perguntas: quem contou essa história? Deve ter sido uma testemunha ocular. Por acaso não poderia ter sido esse mesmo centurião que, no mesmo capítulo, nos informa que disse: “Verdadeiramente esse era o Filho de Deus?” Por acaso essa cena, conjuntamente com a morte do Senhor, não poderiam ter-lhe levado a essa conclusão? Não o sabemos, porem isso sim é evidente, que a história deve ter sido contata por uma testemunha ocular, e também por alguém que simpatizava com o Cristo que sofria, pois a meu ouvido não parece o relato de um espectador indiferente. Não me surpreenderia (e quase me atreveria a afirmar isso), que o rosto desfigurado porem paciente de nosso Senhor pregou um sermão que ao menos um dos que o viu, sentiu seu misterioso poder, sentiu que tal paciência era mais que humana, e aceitou a partir desse momento ao Salvador coroado de espinhos como Seu Senhor e seu Rei. Isso sim sei em verdade, que se você e eu queremos conquistar corações de homens para Jesus, devemos também sermos pacientes; e sim, quando nos ridicularizam e nos perseguem, podermos suportá-lo sem queixas nem represálias, exerceremos uma influência que ainda os que são mais brutais sentirão, influência que submetera as mentes escolhidas.
IV. Levantando o véu novamente, penso que temos diante de nós, em quarto lugar, na pessoa do triunfante Sofredor, uma SAGRADA MEDICINA. Eu só posso sugerir as enfermidades que curará. Esses espinhos salpicados com sangue são plantas de renome, preciosas na cirurgia celestial, se são usadas corretamente. Basta que tomem um só espinho dessa coroa e que a usem como um bisturi, e fará brotar o sangue quente da paixão e abaterá a febre do orgulho; é um remédio maravilhoso para os inchaços” da carne e das dolorosas chagas do pecado. Quem vê a Jesus coroado de espinhos detestará olhar-se a si mesmo, exceto se é através das lágrimas da contrição. Esse espinho no peito fará que os homens cantem, porem não com notas de congratulação egoísta, mas sim com notas que serão as de uma pomba que geme por seu amado.
Gideão ensinou aos homens de Sucot com espinhos (Juízes 8: 7,17), porem as lições não foram tão saudáveis como as lições que aprendemos do espinho de Jesus. A sagrada medicina que o bom Médico nos trás em sua grinalda de espinhos atua como um tônico, e nos revigora para suportam sem pressão alguma qualquer vergonha ou perda que Seu serviço nos possa acarretar –
“Quem derrota a meus ferozes inimigos?
Quem consola minhas mais tristes aflições?
Quem revive meus desfalecente coração,
Sarando toda sua dor escondida?
Jesus coroado de espinhos.”
Quando começam a servir a Deus, e por Sua causa procuram beneficiar a seus semelhantes mortais, não esperem nenhuma recompensa dos homens, exceto serem mal compreendidos, converter-se suspeito, e ser vituperado. Os melhores homens do mundo são aqueles de quem pior se fala. Um mundo depravado não pode falar bem de vidas santas. A fruta mais doce é a mais picada pelos pássaros, a montanha mais próxima ao céu é a mais golpeada pelas tormentas, e o caráter mais amável é o mais assediado. Aqueles aos quais quer salvar não o agradecerão por sua ansiedade, mas sim o culparão por sua interferência. Se censuram os pecados deles, com frequência ressentirão de suas advertências; se o convidam a Jesus, tomarão sem cuidado seus rogos. Você está preparado para isso? Se não o está, considere Àquele que suportou tal oposição dos pecadores para que sua mente não se canse ou desfaleça. Se tiver êxito em trazer muitas pessoas a Cristo, não deve contar com uma honra universal; será acusado de interesses egoístas, dirão que andas atrás de popularidade, ou algum outro crime parecido; será mal-interpretado, difamado, caricaturizado, e considerado um insensato ou patife pelo mundo ímpio. As probabilidades são que a coroa que ganhará nesse mundo, se serves a Deus, conterá mais partículas pontiagudas do que safiras, mais abrolhos que águas-marinhas. Quando seja colocar em sua cabeça, peça graça para que leve-as com alegria, considerando um verdadeiro gozo ser semelhante a seu Senhor. Digas em seu coração: “não sinto desonra nessa desonra. Os homens poderão me imputar coisas vergonhosas, mas não me sinto envergonhado. Poderão degradar-me, porem, não estou degradado. Poderão me cobrir de desprezo, porem não sou desprezível.” O Pai de família foi chamado Belzebu e foi cuspido, e não podem tratar pior aos de Sua casa, portanto, nos burlamos de seu escárnio. Dessa forma somos estimulados à paciência pela paciência do desapreciado Nazareno.
A coroa de espinhos é também um remédio para o descontentamento e a aflição. Quando estamos suportando uma dor corporal somos propensos a estremecer e nos impacientar, mas se lembramos de Jesus coroado de espinhos, dizemos –
“Seu caminho foi muito mais escabroso e escuro que o meu;
Sofreu Cristo meu Senhor e por acaso eu me queixarei?”
E assim nossas queixas se desvanecem; por pura vergonha não nos atrevemos a comparar nossas dolências a Suas dores. A resignação é aprendida aos pés de Jesus, quando vemos nosso grandioso Exemplo aperfeiçoado no sofrimento.
A coroa de espinhos é uma cura para a ansiedade. Alegremente levaríamos qualquer enfeite que nosso Senhor nos prepare, porem é uma grande insensatez tecer coroas de espinhos sem necessidade para nós mesmos. No entanto, vi a alguns que são, assim o espero, verdadeiros crentes, que se esforçam muito em criarem problemas para si mesmos, e trabalham intensamente para aumentar seus trabalhos intensos. Apressam-se para serem ricos, se desgastam, se esforçam, se preocupam, e se atormentam a si mesmo para carregarem-se com o peso da riqueza; se ferem a si mesmos para levar a coroa de espinhos da grandeza mundana. Muitas são as formas de fazermos varas para nossas próprias costas. Conheci a algumas mães que tecem coras de espinhos com seus próprios filhos, aos quais não podem confiar a Deus, e levam coroas de ansiedades pela família, quando teriam podido se regojizado em Deus. Conheci a outros que se fazem coroas de espinhos com medos insensatos, que não tinham razão de existir; porem, pareciam ansiosos de estarem inquietos, ávidos de se espetarem com cardos.
Oh crente, diga a si mesmo: “meu Senhor levou minha coroa de espinhos por mim, por que deveria de levá-la eu também?” Ele tomou nossas aflições e levou nossas dores para que nós fossemos um povo feliz, capaz de obedecer ao mandamento “Não os afaneis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã trará seu afã.” Nossa é a coroa de favores e misericórdias, e a levamos quando deixamos todo nossa ansiedade sobre Ele, que cuida de nós.
Essa coroa de espinhos nos cura do desejo de das vanglórias do mundo, obscurece toda pompa e glórias humanas até que se convertam em fumaça. Se pudéssemos trazer aqui a tiara pontifícia, ou a diadema imperial da Alemanha, ou as insígnias reais do Czar de Todas as Rússias, o que valem comparadas com a coroa de espinhos de Jesus? Sentemos a qualquer grande em seu trono, e vejam que pequeno se vê quando Jesus se senta a seu lado. Que elemento de condição real existe em espremer aos homens, viver a custas de seus trabalhos e dar-lhes muito pouco em troca? O que convêm a um rei é que todos os súditos estejam sumamente agradecidos por um desinteressado amor e ser a fonte de bênçãos para eles. Oh, lhe quita o brilho a seu ouro, e o lustre de todas suas jóias, e a beleza de todas suas preciosas guloseimas, quando comprovamos que nenhuma púrpura imperial pode igualar a glória de Seu sangue, e nenhuma jóia pode rivalizar com Seus espinhos. O espetáculo e a ostentação cessam de ter atrativos para a alma uma vez que as excelências superlativas do Salvador agonizante foram discernidas pelo olho esclarecido.
Quem busca a comodidade quando viu ao Senhor Cristo? Se Cristo leva uma coroa de espinhos, ambicionaremos uma coroa de laurel? Ainda o feroz Cruzado quando entrou em Jerusalém e foi eleito rei, teve o suficiente sentido de dizer: “não levarei uma coroa de ouro na mesma cidade na que meu Salvador levou uma coroa de espinhos.” Por que deveríamos de desejar, como soldados que dormem sobre leitos de plumas, termos tudo arrumado para nossa comodidade e prazer? Por que haveríamos de reclinar-nos em amplos leitos quando Jesus pende de uma cruz? Por que esses delicados vestidos quando Ele está nu? Por que esses luxos quando Ele é tratado barbaramente? Dessa forma, a coroa de espinhos nos cura imediatamente da vanglória do mundo, e de nosso próprio amor egoísta à comodidade. O trovador do mundo poderá gritar: “ei, rapaz, venha aqui e coroe-me com botões de rosas!” porem a solicitação do hedonista não é para nós. Para nós, nem os deleites da carne nem o orgulho da vida podem ter encanto enquanto o Varão de dores está à vista. Devemos sofrer ainda e trabalhar duro até que o Rei nos chame a compartilhar Seu repouso.
V. Devo notar em quinto lugar que existe diante de nós uma COROAÇÃO MÍSTICA. Tenham paciência com minhas múltiplas divisões. A coroação de espinhos de Cristo foi simbólica, e continha um grande significado, pois, primeiro, foi para Ele uma coroa triunfante. Cristo tinha combatido com o pecado desde o dia que esteve frente à frente a ele, no deserto, até quando entrou no pretório de Pilatos, e o venceu. Como uma amostra que tinha ganhado a vitória, eis aqui a coroa do pecado tomada como um troféu! Qual era a coroa do pecado? Espinhos. Essas brotaram da maldição. “Espinhos e cardo te produzirá,” foi a coroação do pecado, e agora Cristo lhe tirou sua coroa e a colocou em Sua própria cabeça. Despojou ao pecado de sua mais rica insígnia real e Ele mesmo a usa. Glorioso campeão, salve! Que será se digo que os espinhos constituíam uma coroa mural[2]? O Paraíso foi cercado com uma cerca de espinhos tão agudos que ninguém podia entrar, porem nosso campeão saltou primeiro a muralha defesiva e levou o estandarte manchado com sangue de Sua cruz até o coração desse novo e melhor Éden, que dessa forma ganhou para nós, para não o perder jamais. Jesus levou a coroa mural, que denota que abriu o Paraíso. Foi a coroa de um lutador a que levou, pois lutou não com carne e sangue, mas sim com principados e potestades, e venceu Seu inimigo. Levou a coroa de um corredor, pois tinha corrido contra os poderosos e os deixou para trás na carreira. Já quase tinha acabado Sua corrida e só lhe faltavam um ou dois passos por dar, para alcançar a meta. Aqui existe um maravilhoso espaço para se estender, mas devemos nos deter já para não nos deixar ir demasiadamente longe. Era uma coroa rica de glória, apesar da vergonha com a que se pretendia o cobrir. Vemos em Jesus o monarca dos domínios do sofrimento, o primeiro em meio de diz mil sofredores. Jamais digam: “eu sofro muito.” Que são nossas dores comparadas com as Suas?
Quando o poeta se fixou por cima do Monte Palatino e pensou na horrenda ruína de Roma, exclamou: “Quais são nossas dores e sofrimentos?” Da mesma forma eu pergunto, que são nossos superficiais sofrimentos comparados com as infinitas aflições de Emanuel? Melhor podemos “controlar em nossos oprimidos peitos nosso abatimento insignificante.” Mais ainda, Jesus é o príncipe dos mártires. Ele dirige a caravana entre o nobre exército de testemunhas sofredoras e de confessores da verdade. Ainda que morreram na fogueira, e se consumiram em calabouços, ou lançados às bestas selvagens, nenhum deles reclama um primeiro lugar; porem, Ele, a Testemunha fiel e verdadeira, com a coroa de espinhos e a cruz, se acha à cabeça de todos eles.
Talvez não seja nossa sorte nos unir a esse augusto grupo, porem, se existe uma honra pela que invejaremos legitimamente aos santos dos tempos antigos, é essa, que nasceram naqueles dias valorosos quando a coroa de rubi estava ao alcance humano, e quando se podia esperar o supremo sacrifício. Somos uns pusilânimes, em verdade, se nesses dias mais tranquilos, nos envergonhamos de confessar a nosso Senhor, e temos medo de um pouco de escárnio, ou tememos diante das críticas dos supostos sábios. Mais bem, sigamos ao Cordeiro onde quer que vá, contentes em levar Sua coroa de espinhos para que em Seu reino possamos contemplar Sua glória.
VI. A última palavra é essa. Na coroa de espinhos vejo um PODEROSO ESTÍMULO. Um poderoso estímulo para que? Bem, primeiro, um estímulo para um fervente amor a Ele. Vocês possam vê-Lo coroado de espinhos sem se sentirem atraídos a Ele? Creio que se Ele viesse aqui no dia de hoje e o pudéssemos ver, haveria uma amorosa aglomeração em volta Dele para tocar a borda de Seu vestido ou beijar Seus pés. Salvador, Tu és mui precioso para nós. Mais amado que todos os homens do alto, meu Salvador e meu Deus, Tu és sempre glorioso, porem, nesses dias, é mais amável quando estás vestido com esse vergonhoso escárnio. O Lírio do Vale, e a Rosa de Sharon, ambos em um é Ele, formoso na perfeição de Seu caráter, e vermelho de sangue na grandeza de Seus sofrimentos. Adorem-no, Adorem-No, Bendigam-Lhe! E que Suas vozes cantem: “O Cordeiro é digno.”
Continuando, o espetáculo é um estímulo para o arrependimento. Nossos pecados colocaram espinhos ao redor da Sua cabeça? Oh, minha pobre natureza caída, te açoitarei por açoitar a Ele, e te  farei fazer sentir os espinhos porquanto Ele os suportou. Como podem ver a seu Amado submetido a tanta vergonha e, no entanto podem fazer uma trégua ou dialogar com os pecados que o atravessaram? Não pode ser. Declaremos diante de Deus a profunda dor de nossas almas por ter feito sofrer ao Salvador de tal maneira; logo, peçamos graça para cercar nossas vidas com espinhos para que a partir desse momento o pecado não se aproxime de nós.
Recordo-me hoje quando frequente vi o abrunheiro espinhosos crescer na cerca toda eriçada com mil farpas, porem, justo no centro do arbusto vi um precioso ninho de passarinho. Por que essa criatura colocou sua habitação ai? Porque as espinhas se convertem em uma proteção para ela, e a abrigam de qualquer dano. Conforme meditava a noite sobre esse bendito tema, me ocorreu lhes pedir que construam seus ninhos dentro dos espinhos de Cristo. É o lugar seguro para os pecadores. Analisem os sofrimentos de Seu Salvador, e verão a expiação do pecado. Voem para Suas feridas! Voem, vocês, tímidas pombas estremecidas! Não há um lugar de descanso mais seguro para vocês. Construam seus ninhos, repito, entre esses espinhos, e quando o tenham feito, e tenham confiado em Jesus, e o tenham aceitado como seu tudo em tudo, então venham e coroem Sua sagrada cabeça com outras coroas. Qual glória merece? O que é suficientemente bom para Ele? Se pudéssemos tomar todas as coisas preciosas de todos os tesouros dos monarcas, não seriam dignas nem de ser pedrinhas em Seus pés. Se pudéssemos trazer-lhe todos os cetros, mitras, tiaras, diademas e todas as outras pompas da terra, seriam todas indignas de ser lançadas ao pó diante Dele.
Com que haveríamos de coroar-Lhe? Venham, teçamos conjuntamente nossos louvores e usemos nossas lágrimas como pérolas e nosso amor como ouro. Brilharão como diamantes em Sua estima, pois Ele ama o arrependimento, e ama a fé. Façamos nessa manhã uma grinalda com nossos louvores e o coroemos como o Laureado de graça. Esse dia em que ressuscitou dos mortos, o glorifiquemos. Oh, que recebamos graça para fazê-lo com o coração, e logo em nossa vida, e logo com nossa língua, para que louvemos eternamente a Quem submeteu Sua cabeça à vergonha por nós.
Porção da Escritura lida antes do Sermão: Mateus 27:11-54
ORE PARA QUE O ESPIRITIO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA EDIFICAÇÃO DE MUITOS E SALVAÇÃO DE PECADORES.
FONTE Traduzido de spurgeon  Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público Sermão nº 1896— THE THREE HOURS OF DARKNESS –  do volume 32 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,  Tradução e revisão: Armando Marcos Pinto
[1] Spina Christi é uma pequena árvore que cresce a 3-4 m de altura. Os rebentos são zigzagueados, com uma folha e duas espinhas (uma reta, uma curva) do lado de fora de cada torção. O nome reflete uma antiga lenda que os galhos espinhosos foram usados ​​para fazer a coroa de espinhos colocados em Cristo antes de sua crucificação. (Wikipédia)
[2] Coroa mural: a que se concedia ao soldado que escalava o primeiro muro de uma cidade sitiada.
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No. 1168

Sermão pregado na manhã de Domingo de 13 de Abril de 1874.
Por Charles Haddon Spurgeon.
No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
SERMÕES DE PASCOA “PAIXÃO DE CRISTO” IMPRESSO



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