Generalização: A Pessoa associa a um único evento (normalmente de fracasso ou perda) como sendo um sinal de um padrão interminável de insucesso. A pessoa assume que a ocorrência de um evento decepcionante fará com que todos os eventos futuros também sejam decepcionantes. O evento pode ter a ver com trabalho, sucesso académico, sucesso esportivo, ou uma relação, mas este tipo de pensamento é um exemplo da falácia da generalização apressada. Isso ocorre quando tiramos uma conclusão precipitada sobre algo, baseado na evidência de um pequeno acontecimento, por vezes secundário.

Filtragem mental: Isso ocorre quando uma pessoa  concentra-se obsessivamente num detalhe negativo, resultando numa visão sombria da realidade. A pessoa concentra-se nesse detalhe negativo e filtra tudo o resto (normalmente o que é positivo). Ela pode concentrar-se numa falha de caráter, uma parte da sua aparência física que não gosta, ou na pintura lascada no seu carro novo, mas seja qual for a especificidade, a sua mente foca-se sobre o assunto negativo e exclui as muitas coisas boas que estão presentes. Este é um exemplo da falácia da evidência suprimida. Essa falácia ocorre quando se negligenciam ou ignoram os elementos de prova que suportam uma conclusão diferente daquilo que nós acreditamos.

Tirar conclusões precipitadas: Nesta distorção cognitiva, um indivíduo interpreta negativamente certos fatos, e chegando a uma conclusão negativa injustificada com base nessa interpretação. Existem dois tipos principais desta distorção.
A primeira é a leitura da mente, ocorre quando uma pessoa conclui que os outros pensam negativamente sobre ela sem provas suficientes. Um exemplo disso é quando o marido interpreta o comportamento da sua esposa, como ela estando irritada ou decepcionada com base em alguns indícios ténues ou insuficientes.
O segundo, é a cartomancia, ocorre quando um indivíduo conclui que as coisas não vão dar certo no futuro, quando as evidências para isso não estão presente ou são inapropriadas. Por exemplo, um estudante prevê que não vai entrar na faculdade porque ele “tem um mau pressentimento” sobre isso. Este tipo de pensamentos “mágicos” podem muitas vezes ser uma forma da falácia de insuficiência de provas, que ocorre quando acreditamos numa determinada conclusão, embora não haja provas suficientes para justificar essa crença.

Ampliação ou Minimização: Aqui, a pessoa é incapaz de ver as coisas de uma perspectiva adequada. Ela pode ampliar os seus próprios contratempos ou falhas, minimizando as suas conquistas. Todos nós podemos emaranhar-nos em tal pensamento, mas a pessoa deprimida exacerba os seus sentimentos de depressão de tal maneira que olha para o mundo de forma distorcida e penalizante. Este tipo de pensamento comete a falácia da premissa inaceitável. A pessoa emaranha-se em tais pensamentos e tira conclusões que não são garantidos pelos fatos. Por exemplo, “Quebrar a minha dieta faz de mim um fracassado”,  não é uma crença apoiada por evidências fatuais, mas pode parecer assim para a pessoa deprimida.

Rotulagem: Nessas situações, uma pessoa, atribui erradamente traços negativos para si mesmo através de linguagem emocionalmente carregada e depreciativa. Por exemplo, se a pessoa  não conseguiu uma promoção no trabalho, diz a si mesmo: “Eu sou um perdedor”. Esses rótulos, desadequados também podem ser aplicados a outras áreas. Um homem que tem alguns desentendimentos menores com sua esposa, pode rotular-se como “egoísta” ou algo pior. Tal pensamento comete a falácia da insuficiência de provas, como na grande maioria dos erros de raciocínio, a pessoa está tirando conclusões precipitadas que irão denegrir a sua imagem, destruir auto estima e minar a auto confiança, e o pior de tudo é que nada é apoiado pelas evidências.

Personalização: Isso ocorre quando a pessoa toma para si mesmo como sendo a causa primária ou exclusiva de algum evento, mas que os fatos apontam como não sendo verdade. Por exemplo:  a criança pode estar agindo de forma inadequada na creche ou na escola, e os pais podem ser preenchidos com sentimentos de culpa ou inadequação. Poderia haver uma variedade de razões para tal comportamento e que podia não passar por  uma falha dos pais.  É importante reconhecer as nossas limitações e até que ponto somos ou não responsáveis pelo comportamento dos outros, até mesmo dos nossos próprios filhos. Quando nós pensamos dessa maneira, podemos estar a cometer a falácia de causa falsa. Isso acontece quando acreditamos que há uma conexão causal entre dois eventos quando nenhuma conexão existe.

CONCLUINDO

Não pretendi com este artigo abordar a questão das causas da depressão, mas sim alertar a pessoa que pretende melhorar o seu estado deprimido, de que existe uma forte relação entre a condição em que se encontra e provavelmente alguns erros de raciocínio que comente. E que se isso se verifica, a reestruturação de pensamentos inadequados e de crenças disfuncionais deverão fazer parte integrante de um programa eficaz de tratamento para a depressão.
Dica: Se a pessoa deprimida conseguir reconhecer e corrigir alguns dos seus padrões de pensamento ilógico (erros de raciocínio),  terá dado um passo importantíssimo na direção de uma vida melhor e mais satisfatória.

AUTOR 

Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.