A Árvore Sem Lógica e a Confusão Genealógica de Jesus
Analisando de perto as supostas genealogias do Novo Testamento.
ה. הִנֵה יָמִים בָאִים נְאֻם יְהוָֹה וַהֲקִמתִֹי לְדָוִד צֶמַח צַדִיק וּמָלַךְ מֶלֶךְ וְהִשְכִיל וְעָשָה מִשְפָט וּצְדָקָה
בָאָרֶץ.
בָאָרֶץ.
“Dias virão, diz o Eterno, estabelecerei para David um ramo justo, um Rei que reinará e prosperará, e fará justiça e retidão na terra.” (Jeremias 23:5)
O título mais conhecido do Messias de Israel é Ben David, o Filho de David. Conforme é chamado em diversas profecias por todo o Tanach (Bíblia Hebraica). Como uma promessa de D-us a David seu trono seria estabelecido para sempre (2 Samuel 7:16) e assim o profeta Yechezkiel (Ezequiel) nos relata sobre nossa futura redenção:
וְעַבְדִי דָוִד מֶלֶךְ עֲלֵיהֶם וְרוֹעֶה אֶחָד יִהְיֶה לְכֻלָם וּבְ מִשְפָטַי יֵלֵכוּ וְחֻקתַֹי יִשְמְרוּ וְעָשוּ אוֹתָם. וְיָשְבוּ
עַל הָאָרֶץ אֲשֶר נָתַתִי לְעַבְדִי לְיַעֲקבֹ אֲשֶר יָשְבוּ בָהּ אֲבוֹתֵיכֶם וְיָשְבוּ עָלֶיהָ הֵמָה וּבְנֵיהֶם וּבְ נֵי בְנֵיהֶם
עַד עוֹלָם וְדָוִד עַבְדִי נָשִיא לָהֶם לְעוֹלָ ם.
“E Meu servo David será Rei sobre eles, e um pastor sobre todos eles, e andarão nos Meus juízos e guardarão meus estatutos, e os cumprirão. E habitarão na terra que dei a Meu servo Jacó, onde moraram os vossos pais, e nela voltarão a habitar eles, seus filhos e seus netos para sempre, e Meu servo David será seu príncipe para sempre.” (Ezequiel 37:24-25).
עַל הָאָרֶץ אֲשֶר נָתַתִי לְעַבְדִי לְיַעֲקבֹ אֲשֶר יָשְבוּ בָהּ אֲבוֹתֵיכֶם וְיָשְבוּ עָלֶיהָ הֵמָה וּבְנֵיהֶם וּבְ נֵי בְנֵיהֶם
עַד עוֹלָם וְדָוִד עַבְדִי נָשִיא לָהֶם לְעוֹלָ ם.
“E Meu servo David será Rei sobre eles, e um pastor sobre todos eles, e andarão nos Meus juízos e guardarão meus estatutos, e os cumprirão. E habitarão na terra que dei a Meu servo Jacó, onde moraram os vossos pais, e nela voltarão a habitar eles, seus filhos e seus netos para sempre, e Meu servo David será seu príncipe para sempre.” (Ezequiel 37:24-25).
Sabendo disso os discípulos de Jesus e os autores do Novo Testamento precisavam provar a seus leitores e seguidores que Jesus cumpria esse requisito. Mateus e Lucas acharam que a melhor ideia era apresentar a genealogia dele traçada até David.
O problema é que eles não imaginavam que alguém iria realmente prestar atenção nelas. Vamos ao resultado.
Para facilitar nossa análise decidi colocar três genealogias lado a lado e comparar as diferenças. A primeira genealogia está descrita no Tanach, no livro 1 Crônicas capítulo 3.
A segunda conforme apresentada no primeiro capítulo do livro de Mateus e a última do capítulo 3 de Lucas. As informações destacadas na planilha abaixo serão discutidas a seguir.
Já em uma simples lida, percebemos que as 3 genealogias não estão em harmonia.
O primeiro ponto de desencontro acontece, quando o autor do livro de Lucas aponta Natan como herdeiro de David e não Salomão.
Percebemos aqui que os dois livros do Novo Testamento divergem sobre a origem genealógica de Jesus.
A Igreja responde à essa contradição alegando que a genealogia descrita em Mateus é a de José, seu pai, e a em Lucas de Maria, sua mãe. O problema é que nenhum dos textos descreve isso. Ambos apresentam José como ramo final da árvore logo antes de Jesus.
Como percebemos os textos discordam claramente sobre quem é o pai de José, Jacó ou Eli.
Essa argumentação falha na verdade em muitos pontos. Primeiro porque a genealogia de Lucas não serve de nada. Está muito claro no Tanach, que o messias será descendente de David e Salomão.
“Seu nome será Salomão, e Eu darei paz e tranqüilidade a Israel durante o reinado dele. É ele que vai construir um Templo em honra do Meu nome. Eu serei seu pai e ele será Meu filho. EEu firmarei para sempre o trono do reinado dele sobre Israel.” (1 Crônicas 22:9-10).
Como Lucas traça a genealogia por Natan, ela fica desqualificada logo no começo. Mas, Mateus tentou fazer a lição de casa melhor e coloca Salomão após David. Mas, ele também tropeça algumas vezes…Seu primeiro tropeço na verdade é um problema teológico para os cristãos. Mateus mostra que Jesus era descendente de Jeconias.
De acordo com o Tanach, Jeconias pecou e se tornou prisioneiro do rei Nabucodonosor (II Reis 24:8-16). D’us se irritou com Jeconias e jogou uma maldição contra ele, cortando seus descendentes da Casa de David.
“Juro pelo meu nome, diz o Eterno, que ainda que você, Joaquim(Jeconias), filho de Jeoaquim, rei de Judá, fosse um anel de selar em minha mão direita, eu o arrancaria…Assim diz o Eterno: Registrem esse homem (Jeconias) como homem sem filhos. Ele não prosperará em toda a sua vida; nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá“. (Jeremias 22:24-30).
Nesse ponto encontramos um debate interessante entre Judeus e Cristãos. Muitos teólogos cristãos alegam que por causa dessa maldição estar ligada com a raiz de José, Jesus teve que nascer de uma virgem. Dessa maneira não estaria afetado por essa maldição.
Nesse caso a genealogia válida seria a de Maria, conforme “descrita” em Lucas. Mas isso é um problema, porque como já vimos, essa genealogia não funciona porque não vem por Salomão. Além de não dizer nada sobre Maria.
E se isso fosse verdade, não seria o caso de em Mateus constar então as duas genealogias?
Porque só trazer uma que não funciona e ainda assim abrir o livro com ela? Repare que o primeiríssimo verso do livro de Mateus começa assim:
“Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mateus 1:1).
“Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mateus 1:1).
O próprio verso afirma, que esse é o registro da genealogia dele e não qualquer outro que se apresente.Por causa dessa contradição, muitos teólogos partiram para outro argumento. Conforme lemos no final de II Reis, o rei Jeconias foi perdoado e libertado da prisão.
“No trigésimo sétimo ano do exílio de Joaquim (Jeconias), rei de Judá, no ano em que Evil-Merodach se tornou rei da Babilônia, ele tirou Joaquim (Jeconias) da prisão, no dia vinte e sete do décimo segundo mês. Ele lhe tratou com bondade e deu-lhe o lugar mais honrado entre os outros reis que estavam com ele na Babilônia. Assim, Joaquim (Jeconias) deixou suas vestes de prisão e pelo resto de sua vida comeu à mesa do rei. E diariamente, enquanto viveu, Joaquim recebeu uma pensão do rei.” (2 Reis 25:27-30).
Sua libertação veio como resultado de seu arrependimento. E de acordo com o profeta Ageu, a maldição foi removida de seus descendentes). “Naquele dia, declara o Eterno dos Exércitos, Eu o tomarei, Meu servo Zerubavel, filho de Shaltiel, declara o Eterno, e farei de você um anel de selar, porque o tenho escolhido, declara o Eterno dos Exércitos.” (Ageu 2:23).
Da mesma forma que na maldição em Jeremias 22:24, Jeconias é chamado de um anel de selar que foi removido, aqui seu descendente Zerubavel, é o anel de selar que retornou. Aparentemente isso resolveria o problema para o autor de Mateus. Mas muitos cristãos fogem disso, pois apresenta um grande problema teológico para eles.
Jeconias foi levado cativo pelo rei Nabucodonosor e logo depois Jerusalém foi conquistada e o Templo destruído. De dentro da prisão Jeconias se arrpende e é libertado nos dias do rei Evil Merodach. Seu arrependimento foi aceito por D’us e a maldição removida. Mas com o Templo destruído, e sem a possibilidade de sacrifícios, como um pecado tão grande como o de Jeconias poderia ter sido perdoado? Afinal de contas, toda a razão pela qual Jesus morreu na cruz foi porque:
“Sem derramamento de sangue não há perdão” (Hebreus 9:22).
Que sangue foi derramado para que Jeconias fosse perdoado?
Por isso muitos comentarias cristãos, como os pastores Charles Ryre e Josh McDowell, continuam usando a primeira argumentação, apontando para a genealogia de Maria e não a de José.
“Se Jesus tivesse sido gerado por José, ele não teria sido capaz de reivindicar os direitos legais sobre o trono de Davi. De acordo com a profecia de Jeremias 22:28-30, não poderia haver nenhum rei em Israel que fosse descendente do rei Jeconias, e Mateus 1:12 relata que José era da linhagem de Jeconias. Jesus teria sido de linhagem maldita “. (Josh McDowell, A Ready Defense, pg.188).
“Uma maldição foi lançada sobre Conias (Jeconias) de que nenhum de seus descendentes se assentaria no trono de Davi. Se nosso Senhor fosse filho natural de José, não poderia assumir seu papel de Messias por causa dessa profecia. Já que está ligado a Davi pela linhagem de Maria, não foi afetado pela maldição.” (Charles D. Ryre, Bíblia Anotada, pg. 1183, comentário em Mateus 1:11).
“Se Jesus tivesse nascido apenas na linhagem de José (e, assim de Jeconias) não estaria qualificado para reinar no trono de Davi no Milênio.” (Charles D. Ryre, Bíblia Anotada, pg. 949, comentário em Jeremias 22:30).
A expectativa deles, é claro, é que você não perceba o problema com a genealogia em Lucas. Eles também não respondem, porque então Mateus afirma que a linhagem que ele escreveu é o registro correto. Também não se preocuparam em responder porque em Mateus não consta a linhagem correta, já que o objetivo claro dele é provar que Jesus cumpriu a profecia sobre a Casa de David.
Outro ponto interessante na descrição em Lucas, é que ele reconcilia as duas linhagens novamente em Shaltiel. Repare no quadro acima em destaque. Tanto Lucas como Mateus, incluem Shaltiel e Zerubavel, mas discordam sobre seus pais e filhos. Lucas claramente queria tirar fora de qualquer jeito Jeconias.
O livro de Mateus dá mais uma bola fora. Após descrever a desastrosa genealogia ele ainda tenta apontar para algo que não poderia ser mera coincidência.
“Assim, ao todo houve catorze gerações de Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio até o Cristo.” (Mateus 1:17).
Sem dar nenhuma explicação sobre o significado disso, o autor deixa claro que não pode ser por acaso que isso aconteceu. Alguns tentam explicar mostrando que o nome David, em hebraico forma o número catorze.
(Dalet = 4, Vav = 6, Dalet = דָוִד = 4)
Por isso o número catorze representa o ciclo da dinastia de David. Muito bonito, o problema é que ao cruzarmos a linhagem em Mateus com a de I Crônicas cap.3, vemos que foram cortadas cinco pessoas da lista (veja o quadro acima). Invalidando completamente o ciclo tão mal elaborado em Mateus.
Isso mostra claramente que as genealogias são extremamente problemáticas, e portanto não existe evidência alguma de que Jesus foi de fato descendente de David e Salomão. É importante entender que a linhagem de David não é um sinal e sim uma promessa. Sinal é algo que se possa apresentar claramente e portanto usado como evidência. O Messias virá da semente de David e Salomão, essa é uma promessa de D’us. Se alguém cumprir todas as profecias messiânicas, como construir o Terceiro Templo, o fim das guerras e o conhecimento universal de D’us, então ele é o verdadeiro descendente de David.
Mesmo o apóstolo Paulo escreveu a seus discípulos para que parassem de se preocupar com isso:
“Deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé.” (1 Timóteo 1:4).
Lembre-se que Paulo existiu antes dos livros de Mateus e Lucas serem escritos. Isso mostra que mesmo naquela época, os próprios seguidores do cristianismo não tinham provas de fato sobre a linhagem de Jesus, e alguns questionavam sobre isso.
Mas em breve virá o verdadeiro Messias, filho de David e Salomão. Sua reivindicação não será questionada e não precisará falsificar textos para provar sua identidade. Que seja em nossos dias.
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