xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: morrendo com um coracao em paz

quinta-feira, 14 de julho de 2016

morrendo com um coracao em paz

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Leitura sugerida pelo autor essa semana: páginas 263 a 299.
Desde o início de sua carta John Ames sabe que, em breve, terá de deixar para trás sua igreja, sua família e sua própria vida. Marilynne Robinson primorosamente nos mostra os sinais do óbito iminente do patriarca através de sua crescente necessidade de sono, de outros sintomas físicos e da apreensiva preocupação com as pessoas aguardando a sua morte. Ames começou a escrever inclusive o seu sermão fúnebre, na esperança de livrar seu velho amigo Boughton de apuros.
Com a morte se aproximando, Ames fala sobre o passado, que ele honesta e dolorosamente descreve sem incorrer em sentimentalismo excessivo. Ele fala de seu amor por sua esposa, o dom gracioso de um filho e muitos outros prazeres, incluindo as alegrias e bênçãos do ministério pastoral. “Ah, como vou sentir falta deste mundo!”, ele exclama. “Para onde quer que voltemos os olhos, o mundo pode reluzir como transfiguração”
(p.297), enquanto o “Senhor soprava essas pobres brasas cinzentas da Criação, e elas se tornavam radiantes” (p. 296).
O Reverendo Ames também tem, como todo pastor, alguns pesares – “as frustrações e desapontamentos da vida, que são muitíssimos” (p. 286). Ele muitas vezes se pergunta se seus sermões “valiam alguma coisa” (p. 27), e teme que tenha “aborrecido muita gente por um bom tempo” (p. 176). Na verdade, ele deseja que suas antigas notas de sermão (uma imagem de sua própria mortalidade) sejam queimadas. Ele muitas vezes se deu conta, “lá no púlpito, no exato instante em que ia lendo aquelas palavras, como elas estavam distantes de quaisquer esperanças que eu pudesse ter a respeito delas. E, por um certo prisma, esses sermões foram a obra da minha vida” (p. 87).
Ames também lamenta seu fracasso, em certas circunstâncias, em oferecer o melhor conselho espiritual. “Continuo acordado à noite, e pensando: ‘Era isso o que eu deveria ter dito!’ ou ‘Era isso o que ele pretendia dizer!’” (p. 54). Mas seu maior pesar, sem dúvida, é deixar sua esposa e filho para trás. Infelizmente, ele não será capaz de suprir suas necessidades, ou compartilhar a vida com eles enquanto crescem e envelhecem.
O último testamento
Ao lidar com esses pesares, Ames enxerga duas opções: “(1) ficar me atormentando, ou (2) confiar no Senhor” (p. 154). Esperando morrer “com o coração em paz” (p. 219), ele resolve colocar seu ministério, sua família e sua própria vida nas mãos de Deus. Em vez de imaginar tolamente que sua congregação será incapaz de tocar a vida sem ele, ele prega que o próprio Cristo será o pastor do seu povo. Em relação a seu filho, ele pões em prática o que tinha pregado da história de Abraão e Ismael, que “qualquer pai, particularmente um pai idoso, deve acabar abandonando o filho no deserto e tendo de confiar na Providência de Deus” (p. 158).
Assim termina a vida de um ministro fiel, que tentou manter o evangelho diante de si como um padrão para a vida e pregação, e que permaneceu leal ao seu chamado em uma única igreja por aproximadamente 50 anos. Gilead é a sua cidade natal, e também a cidade de onde ele voltará para casa. “Às vezes penso até que ser enterrado aqui é um último e delirante gesto de amor”, escreve ele perto do fim da sua carta. “Também vou me consumir lentamente, até a grande incandescência final” (p. 299).
Após essa deflagração final, ainda haverá muitas histórias para contar. Robinson usa uma bela analogia para descrever as narrativas da vida por vir: “Na eternidade, este mundo será Tróia, creio eu, e tudo o que aconteceu aqui será a épica do universo, a balada que se canta pelas ruas” (p. 73).
Para reflexão ou discussão: Cristo chama cada um dos seus seguidores não apenas para viver bem, mas também para morrer bem, com “um coração em paz”. Quem são os pastores, líderes de ministério e outros servos cristãos que você já viu terminar firmes na vida e ministério? Que hábitos ou compromissos os capacitaram a perseverar? De que formas você está transmitindo um legado de fé a outros? Você está se preparando para terminar bem?

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