O que está ruim pode ficar ainda pior. (Habacuque 1)
“Questiona o profeta: Ó Senhor, até quando clamarei por tua ajuda sem que tu me dês ouvidos? Até quando protestarei diante de ti: “violência!” sem que me tragas alguma salvação?” (Habacuque 1.2).
Quero compartilhar com vocês três reflexões sobre princípios espirituais que tenho extraído do livro do profeta Habacuque. Este é um livro magnífico que muito tem falado ao meu coração, principalmente porque assuntos como os que este livro traz não são comummente esclarecidos. Não tenho a pretensão de esgotar tais assuntos em apenas alguns textos, mas acredito que, a partir destas simples reflexões, teremos condições de melhor desenvolver alguns aspectos do nosso relacionamento com o Senhor.
Existem momentos em que Deus parece ignorar nossas orações. Talvez esta afirmação soe um tanto radical de mais, porém, já notou as circunstâncias que, apesar das muitas orações, não mudam? Acredito que deva existir algo pelo qual você já orou bastante, mas até hoje não viu mudança. Pode ser sobre alguém da sua família que ainda não conhece a Jesus, e há anos você vem se lembrando desta pessoa em suas orações; ou talvez algo relacionado a você mesmo, algo que ninguém mais saiba, mas o seu constante clamor é para que Deus mude isto. Entretanto, após anos de clamor incessante, você ainda permanece com aquilo que deseja mudar.
Fico pensando na situação política do nosso país. Há muitos anos vejo campanhas de orações nas igrejas em prol do Brasil, já participei de conferencias de intercessão pelo Brasil, eu mesmo já preguei sobre a transformação que Deus pode fazer em nosso país através da intercessão do Seu povo. Tenho certeza de que não faltaram orações, clamores, intercessões em favor do Brasil nas ultimas décadas, mas o que vemos quando olhamos ao redor ainda tem sido corrupção, injustiça e desigualdade.
Será possível que Deus esteja ignorando todas estas orações feitas pelos Teus filhos? Até quando vamos continuar pedindo ajuda ao Senhor e permanecer na mesma situação? Estes questionamentos eram exatamente os mesmos do profeta Habacuque. Ao olhar o redor, tudo que Habacuque via era destruição sem fim. As primeiras palavras do seu livro expressam o clamor de alguém que há muito tempo tem pedido socorro ao Senhor, mas que tudo o que encontra é violência, iniquidade, injustiça, contendas, litígio, destruição. Então ele diz: “Até quando vou clamar por Tua ajuda, Senhor, e Tu não me escutarás?” (Habacuque 1.2).
Certamente Deus escutou o clamor do profeta, e também tem escutado todas as nossas orações. Todavia, ao orarmos, geralmente expressamos a Deus aquilo que está latente em nosso coração. Mas há uma distância considerável entre Deus ouvir nossas orações e Deus fazer conforme lhe pedimos. Por mais nobres e justas que sejam nossos motivos de orações e clamor, Deus sempre agirá de acordo com Sua soberana vontade. E pode ser que esta soberana vontade de Deus seja exatamente o oposto do que pedimos a Ele. A primeira resposta do Senhor às queixas do profeta Habacuque pode nos ensinar muito sobre este princípio espiritual.
Aquilo que está ruim pode ficar ainda pior. Sim, foi esta a primeira resposta do Senhor ao profeta. Se ao olhar o redor, tudo o que se podia ver era a depravação do povo, agora Deus diz que Ele mesmo estaria conduzindo os babilônios, uma nação cruel, impetuosa e violenta, que marcha por toda a terra a fim de se apoderar de habitações que não lhe pertencem. Esta nação tão terrível, em breve, chegaria ali conduzida pelo próprio Deus (Habacuque 1.5-11).
Tente, por um instante, se colocar no lugar de Habacuque. Você consegue se imaginar ouvindo isso do próprio Senhor? Após inúmeras orações e tantos clamores por socorro, ter a resposta de que algo terrivelmente pior ainda está por vir certamente não deve ter sido nada agradável. Muito pelo contrário, deve ter sido assombrosamente aterrador. Mas, é justamente diante de respostas assim, que temos a oportunidade de provar para nós mesmos se confiamos ou não em quem Deus é.
Se já é difícil confiar em Deus nos momentos em que temos esperança de dias melhores para o futuro, muito mais complexo é confiar no cuidado de Deus por nós quando temos a certeza de que “as coisas irão piorar”. Todavia, este momento é sempre crucial na vida do cristão. Se você está esperando a cura de alguém, mas o diagnóstico acaba de informar que apenas algumas horas lhe restam, você deixa de confiar no Senhor? Se inesperadamente, após anos de intercessão, recebêssemos as piores notícias sobre o futuro do Brasil, deixaríamos de acreditar que Deus tem sempre o melhor para nós e nossa nação?
O fato de não conhecermos a vontade soberana de Deus faz com que muitas orações não sejam atendias, mas isto não muda o caráter de Deus, nem a realidade de Suas promessas para aqueles que nele esperam. Ainda que tudo piore, e que a destruição não tenha fim; mesmo que minhas orações não sejam respondidas, e que a vontade de Deus seja totalmente o oposto do que meu coração mais deseja, Ele permanece o mesmo. Continua...
São Paulo - SP
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