Pregação Textual
Já vimos anteriormente sobre a técnica de pregação tópica, que também é chamada de pregação temática. Neste texto veremos outro método de pregação que, assim como o temático, também está incluído no grupo das três técnicas mais utilizadas na elaboração e apresentação de sermões; estamos falando da técnica de “pregação textual”.
É possível que a elaboração de um sermão textual também comece a partir da escolha de um tema. Entretanto, não é necessário que seja assim. Também podemos começar o sermão textual a partir de uma passagem bíblica sobre a qual desejamos pregar. O diferencial da pregação textual é a forma do seu desenvolvimento, que será completamente diferente da maneira de construir o sermão temático.
A principal característica da técnica de pregação textual é que os seus pontos (ou argumentos) são extraídos do próprio texto utilizado como base. Vamos ao exemplo prático: Suponhamos que um pregador escolha a seguinte passagem para construir o seu sermão textual: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; atentando, diligentemente. Por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”(Hebreus 12.14-15).
Após a leitura desta passagem, o pregador entendeu que seria apropriado utilizá-la para falar sobre “uma igreja saudável”. Sendo assim, definiu o título de sua mensagem como: “Orientações do Senhor para que uma igreja seja saudável”. E após analisar o próprio texto base, elencou todos os pontos deste sermão (neste caso, todas as orientações divinas).
Primeira orientação: “buscar a paz com todos”. Não é algo fácil buscarmos a paz, principalmente quando há divergências de pensamentos que já culminaram em alguma situação desagradável. Se dentro de um mesmo lar é possível encontrar desavenças entre irmãos, entre pais e filhos, imagine dentro de uma igreja, que é composta por diversas famílias? Mas este versículo expressa claramente que a paz precisa ser buscada em todos os relacionamentos. Esta é a primeira orientação do Senhor, para que a igreja desfrute de verdadeira saúde espiritual.
Segunda orientação: “buscar a santificação”. A ideia de santidade não é no mesmo sentido que os fariseus da época de Jesus, e alguns seguimentos religiosos de hoje gostam de anunciar. Ser santo parte da compreensão que cada um de nós foi separado por Deus, em todos os aspectos, para vivermos de forma que agrade ao Senhor. Mas isso não significa que somos melhores que os outros, e nem nos torna juízes do próximo.
A santidade está exclusivamente ligada ao relacionamento pessoal com Deus; e é totalmente o oposto do estilo de vida hipócrita de muitos que se dizem “santos”. Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mateus 23.27-33), pois o que eles chamavam de santidade, não passava de aparência para enganar as pessoas. Mas ninguém engana o Espírito Santo. Este mesmo versículo diz que “sem a santidade ninguém verá a Deus”. Para uma igreja ser plenamente saudável, é necessário que se busque pela santidade.
Terceira orientação: “vigiar, para que não haja faltas”. Apesar de convertidos, ainda somos pecadores. Qualquer pessoa que disser não ter pecado algum, segundo a Palavra de Deus, tal pessoa é mentirosa (1 João 1.8-10). Ainda somos falhos, imperfeitos, cometemos erros, mas devemos vigiar para que tais situações não prevaleçam em nossa vida.
É o próprio Jesus quem nos orienta a vigiar e orar para não cairmos em tentação (Mateus 26.41); assim também o apóstolo Paulo adverte para aqueles que pensam estar de pé, tomarem cuidado para não caírem também (1 Coríntios 10.12). Uma igreja jamais será saudável se deixar de ficar alerta quanto às possíveis faltas.
Quarta orientação: “vigiar, para que não haja raiz de amargura”. Sem sombra de dúvidas, todos nós gostamos da graça, do amor e do perdão de Deus. Entretanto, quando essas mesmas atitudes dependem de nós, a história não é bem esta. A Bíblia nos ensina que, assim como somos alvo do amor de Deus, também devemos amar uns aos outros, até mesmo nossos inimigos (Mateus 5.44); e o mesmo se aplica ao perdão (Colossenses 3.13).
Como já dissemos, ainda somos pecadores. Entretanto, uma igreja saudável certamente adoecerá se cultivar amargura e rancor em seu meio, pois a amargura corrompe todos os aspectos da vida. Uma vez semeada e cultivada dentro da igreja, a raiz de amargura se alastra tão rapidamente quanto a erva daninha; e em pouco tempo muitos serão os contaminados por ela (Hebreus 10.15). Para que uma igreja se mantenha saudável, é necessário destruir qualquer possibilidade de amargura em seu meio.
Após abordar estes quatro pontos extraídos do texto, o pregador conclui que seguir estas orientações é fundamental para a saúde da igreja. Ele ainda elenca uma séria de perguntas para a reflexão dos ouvintes após a exposição dos argumentos. Tenho buscado a paz com todos? Tenho buscado a santidade em todo tempo e lugar, ainda que ninguém esteja me vendo? Tenho sido gracioso com as outras pessoas? Consigo perdoar e amar o próximo, assim como sou perdoado e amado por Deus? Será que estou preso por amarguras, e com isso tenho prejudicado a minha própria vida espiritual?
Compreendendo a técnica da pregação textual
Conseguiu perceber a construção deste sermão? Em primeiro lugar uma passagem da Palavra de Deus foi escolhida. Neste caso, foi o texto de Hebreus 12.14-15. Após a leitura do texto, foi possível perceber algumas orientações no próprio texto, que foram escolhidas para serem argumentos, o que culminou na escolhida de um assunto e um título para a mensagem. Um esboço geral seria assim:
- Tema: Uma igreja saudável
- Texto base: Hebreus 12.14-15
- Proposição: Orientações para que uma igreja seja saudável
- Ponto 01: Busquem a paz com todos
- Ponto 02: Busquem a santidade
- Ponto 03: Vigiem para não cometerem faltas
- Ponto 04: Vigiem para que não haja raiz de amargura
- Conclusão: A saúde espiritual da igreja está vinculada a seguir estas orientações.
- Aplicações: Perguntas reflexivas
Como já vimos no texto anterior, todas as técnicas de pregação possuem vantagens e desvantagens. Primeiramente, vamos às vantagens: Em minha opinião, este método é muito interessante, tanto para os que desejam ouvir, quanto para os que desejam pregar algo além de um tema. Em nosso exemplo utilizamos “orientações”, mas outra dica para quem deseja construir este tipo de sermão é atentar-se aos “verbos”. Em sua grande maioria, os verbos dentro de um versículo sempre vão permitir a elaboração de argumentos.
Salmo 1.1, por exemplo: “Feliz aquele que não anda (...), não se detém (...), nem se assenta (...)”. Percebem a apropriação dos verbos? É tão prático que já podemos elaborar outra pregação neste único versículo. Esta é outra vantagem da técnica de sermão textual – a sua praticidade na elaboração. Às vezes será preciso fazer uma pregação de urgência, e esta técnica ajudará bastante quem está com pouco tempo.
Todavia, esta técnica também traz praticamente as mesmas desvantagens do sermão temático, pois dificilmente conseguirá transmitir a real mensagem do texto bíblico. Isso acontece, pois tanto os versículos, quanto os capítulos, estão inseridos dentro de um contexto maior. Há um propósito do autor em ter colocado tais palavras ali. Olhando para o exemplo de Hebreus 12, será que a ideia do autor, ao escrever os versículos 14 e 15, era expor orientações para que uma igreja seja saudável? Não estou dizendo com isso que a pregação textual do nosso exemplo é ruim, ou que fala mentiras. Ao contrário, ela falou muitas verdades. Os princípios são bíblicos e verdadeiros, contudo ela não conseguiu extrair o real significado do texto bíblico, pois ignorou o seu contexto.
Todavia, esta técnica também traz praticamente as mesmas desvantagens do sermão temático, pois dificilmente conseguirá transmitir a real mensagem do texto bíblico. Isso acontece, pois tanto os versículos, quanto os capítulos, estão inseridos dentro de um contexto maior. Há um propósito do autor em ter colocado tais palavras ali. Olhando para o exemplo de Hebreus 12, será que a ideia do autor, ao escrever os versículos 14 e 15, era expor orientações para que uma igreja seja saudável? Não estou dizendo com isso que a pregação textual do nosso exemplo é ruim, ou que fala mentiras. Ao contrário, ela falou muitas verdades. Os princípios são bíblicos e verdadeiros, contudo ela não conseguiu extrair o real significado do texto bíblico, pois ignorou o seu contexto.
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