xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: O CESTO

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O CESTO








“Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto” (2 Coríntios 11.30-31).

            Tenho aprendido algo incomum sobre os momentos mais importantes da vida. Pode ser curioso pensar em quais foram esses tais momentos mais importantes da nossa vida; além disso, é uma tarefa interessante e producente refletir sobre eles. Você já tentou fazer uma lista destes momentos? Em sua segunda carta aos coríntios, o apóstolo Paulo escreve sobre um desses grandes momentos. Talvez, o momento mais importante de toda sua vida.

Ao contrário do que muitas pessoas fariam, o dia mais importante, elencado pelo apóstolo, de sua própria vida, não está relacionado com alguma grande conquista. Se bem que ele poderia dizer muitas coisas sobre os seus diplomas, sua cidadania romana e credenciais militares do império, sua importância na esfera política e filosófica da época, quem sabe até mesmo sobre o dia em que Jesus o chamou para ser apóstolo, aparecendo miraculosamente a ele no caminho para Damasco.

Antes de prosseguirmos, preciso deixar claro que não vejo problema algum em grandes conquistas definirem os momentos mais importantes da nossa vida. O dia da formatura, o dia do casamento, o dia do nascimento dos filhos, o dia da aprovação de um projeto, enfim. Todos estes momentos carregam grande soma de valores e emoções que podem sim chegar a ser o dia mais importante da vida de alguém.

Entretanto, como disse no início deste texto, tenho aprendido algo novo a este respeito. Além de ser algo incomum, acredito que acaba gerando certa desconfiança nas pessoas. Pois, o próprio apóstolo Paulo, antes de revelar este grande dia de sua vida, fez questão de evocar o conhecimento do Senhor acerca de sua sinceridade: “O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto” (v.31).

O apóstolo Paulo estava se referindo a uma ocasião na qual ele teve de fugir escondido de Damasco, dentro de um cesto – “O governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender; mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei doas suas mãos” (v.32,33). Mas, a razão que levou o apóstolo a elencar este momento como um dos mais importantes de sua vida (v.30) é o que me tem despertado grande interesse.

Certa vez, ouvi numa aula de cursinho que, dentre os diversos dons espirituais listados nas Escrituras, existe um dom muito peculiar – o “dom do sofrimento”. Você acredita na existência deste dom? Seja como for, este é um assunto para um ouro texto. Mas, não se pode negar que, a real razão pela qual o apóstolo Paulo elencou este dia do cesto, como sendo um dos momentos mais importantes de sua vida, foi porque neste dia ele não apenas reconheceu como também experimentou a sua própria fraqueza; e isto lhe fez muito bem.


São incomuns pessoas que valorizam ocasiões de fraqueza; especialmente quando essas vêm acompanhadas de impotência e de humilhação. Mais incomum ainda são aqueles que conseguem reconhecer o bom valor dos momentos de fraqueza. Todavia, é exatamente este tipo de pessoa que encontramos na figura do apóstolo Paulo.

Não é tão complicado de imaginar o que se passava ali. De fato, Paulo era um homem importante; e o Novo Testamento nos diz muito ao seu respeito. Nascido num rico lar; pertencente à linhagem da tribo de Benjamim; doutrinado nas melhores instituições de ensino da época; cidadão romano; poliglota; figura influente dentro do seguimento fariseu; exímio conhecedor de filosofia, cultura e religião.

Com toda esta bagagem, após sua conversão, é bem provável que ele mesmo tenha acreditado que a mensagem do Evangelho teria um alcance considerável devido ao seu testemunho de vida. As pessoas estavam cientes de que ele havia sido ativo perseguidor dos cristãos e que estava por trás da morte de diversos irmãos. Alguém poderia concluir: “se aquele perseguidor se converteu ao cristianismo, este tal Evangelho deve ser mesmo verdade”. Mas, não foi bem assim que aconteceu.

Como já era de se esperar, toda a classe dos fariseus, dos rabinos e dos mestres entre os judeus, a qual Paulo pertencia, passou a considerá-lo como traidor. O apóstolo Paulo foi muitíssimo perseguido, desde sua conversão até sua morte. Entretanto, as dificuldades não vieram apenas do lado daqueles que repudiavam o cristianismo. Não poucas vezes, Paulo também sofreu por causa da desconfiança que os próprios cristãos tinham em relação à sua pessoa.

Será que você consegue imaginar o que se passava na mente do apóstolo, bem naquele momento em que o avisaram do plano dos judeus para tirar sua vida, e o colocaram dentro de um cesto? Bem ali, dentro daquele cesto pendurado para fora da muralha de Damasco, batendo na parede, indo de um lado para o outro nas cordas que o prendia, numa escuridão total, o que se passava na mente do apóstolo Paulo?

  Eu acredito que foi bem nesta hora o momento exato em que ele compreendeu o que todos os seus recursos, diplomas e títulos verdadeiramente significavam – nada. Para nós, talvez, pode parecer uma cena de aventura, num primeiro momento; mas, a situação foi drasticamente humilhante para ele. E, nas palavras do próprio apóstolo, foi algo que o “enfraqueceu” (v.30).

Sobretudo, eis o grande tesouro deste momento – a fraqueza! Foi por causa da consciência de fraqueza que Paulo faz questão de elencar este momento como um dos mais importantes de sua vida. E eu gosto de pensar que a situação de humilhação somada à compreensão de que nenhum dos seus recursos poderia ser usado ali (nem mesmo o seu testemunho de conversão), trouxe-lhe à luz o lado bom da fraqueza.

Isso me traz à memória as palavras de Asafe: “quem mais tenho eu?” (Salmo 73.25); e também as de Pedro: “para quem mais iremos?” (João 6.68). Dentro daquele cesto, a única certeza que havia no coração de Paulo é que ele não tinha mais nada além de Jesus. Por isso, com propriedade ele disse: “Se tenho de me gloriar, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. Deus sabe que não minto” (v.30-31).

 Comecei este texto dizendo que tenho aprendido algo incomum sobre os momentos mais importantes da vida. A verdade é que comecei a notar o grande valor que existe nos momentos de fraqueza. Quando nada é suficiente, quando todas as tentativas são frustradas, quando nem mesmo o meu testemunho pessoal pode me levantar diante de certa situação, eu reconheço minha total incapacidade e dependência de Deus.

O Mestre Jesus disse para os seus discípulos que, quem finalmente achar a sua vida irá perdê-la; e ainda completa indagando: “Que aproveita aquele que ganha o mundo inteiro e perde a sua alma?” (Marcos 8.35,36). Sei que é possível reconhecer a mão de Deus em cada conquista e vitória da minha vida pessoal. E graças a Deus por cada uma delas. Entretanto, eu não posso, e nem quero, encontrar o sentido da minha vida nestes momentos. Não quero ser definido pelos meus recursos, nem pelos meus títulos, nem por nada que me faça acreditar que isto ou aquilo define quem eu realmente sou.

Daí a razão dos momentos de fraqueza serem os mais importantes momentos da vida. Pois, somente encontra o real sentido da existência em Deus, quem verdadeiramente perde todos os demais “sentidos” encontrados na vida (Marcos 8.35). E nada igual aos momentos de fraqueza para nos mostrar que as coisas que geralmente atribuímos grande valor, diante de Deus, não possuem valor algum.

Tiago Rocha

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