O PRINCÍPIO DA ADORAÇÃO NA CULTURA DO REINO.
No novo nascimento (regeneração) acontece uma mudança de reino. É recebida uma nova cidadania, e, portanto, uma nova cultura se estabelece. Assim como aquele que imigrou para outra nação e tem que aprender a cultura, o idioma, os hábitos alimentares e tantas outras coisas acerca daquele país, aqueles que pela fé tornam-se cidadãos no reino de Deus também precisam conhecer e viver a cultura, os princípios e valores do Reino de Deus.
“Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz; O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Colossenses 1.12-15).
No mundo natural, “cultura” são os padrões de conduta que governam a vida numa sociedade. Segundo Edward B. Tylor, cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Como cristãos também precisamos conhecer os princípios básicos que regem a cultura do Reino de Deus.
“E eu vos destino o reino, como meu Pai me destinou” (Lucas 22.29).
Jesus usou grande parte do seu ministério ensinando acerca do Reino dos Céus. E um dos princípios do Reino é a “adoração”. Mas, infelizmente, para muitos cristãos, a adoração é apenas um ritual ou algum tipo de canção ou estilo musical.
O princípio básico da adoração é apresentado nas Escrituras com diversos significados, tais como: rendição, contemplação, serviço, reverencia, etc. Mas em Mateus 6.1-18, Jesus usa três atitudes básicas que determinam a adoração na Cultura do Reino. Essas atitudes devem ser partes de um estilo de vida e não de um ritual religioso.
DAR – UMA ATITUDE NA ADORAÇÃO QUE NOS FAZ OLHAR PARA FORA.
“Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial. Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará” (Mateus 6.1-4).
Note que Jesus não começa esse ensinamento falando de canções, orações, rituais e outras práticas da vida religiosa. Ele chama-nos a olhar para aqueles que passam por necessidades básicas e numa atitude simples e despretensiosa estendê-los a mão. Numa verdadeira atmosfera de adoração, sempre somos impulsionados a olhar para fora. O profeta Isaías teve esta experiência quando ouviu a voz do Senhor, conclamando: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” Em meio aquele ambiente de glória e adoração ele respondeu:“Eis-me aqui. Envia-me!”(Isaías 6.8).
Na Cultura do Reino somos movidos a olhar para o mundo com compaixão. Essa atitude é parte do caráter relevante da Igreja de Jesus.
Na carta de Tiago somos desafiados a desenvolver uma espiritualidade altruísta e não egoísta, não se deixar vencer pelos padrões mundanos. E a isso ele chama de religião que o Pai aceita como verdadeira. “A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1.27).
ORAR – UMA ATITUDE NA ADORAÇÃO QUE NOS FAZ OLHAR PARA CIMA
“E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem. Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém’. Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.” (Mateus 6.5-15).
Outro ponto importante é que Sua oração começou com o adjetivo possessivo plural “nosso”. Ao seguirmos lendo, vamos percebendo as declarações como “dá-nos”, “Perdoa as nossas”, e “livra-nos”. Com isso somos levados a compreender que oração não deve ser fruto de um coração egoísta.
Analisando a oração que Jesus ensinou:
“Pai nosso que estás nos céus” – Ao oramos assim, estamos reconhecendo nossa filiação e proximidade com o Pai através da obra redentora de Cristo.
“Santificado seja o teu Nome”. Nossa adoção espiritual nos dá o direito de chamar Deus de “Pai” e de nos identificarmos com seu nome, tornando-nos participantes de Sua herança.
“Venha o Teu Reino” – Isso significa: majestade, soberania, domínio, ou a atividade governante de Deus. É a expressão da natureza de Deus em ação. Reino de Deus é toda a esfera do Seu governo. Jesus disse que devemos dar maior ênfase ao Reino de Deus:
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”(Mateus 6.33).
Quando oramos
“Venha o Teu Reino”,estamos não apenas pedindo que Jesus volte, mas que a cultura do Reino seja estabelecida no meio onde vivemos.
“Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus” – Duas expressões gregas são usadas na Bíblia para a palavra “vontade”. Uma é “boulema”, que significa “o propósito ou plano soberano de Deus para o universo”. Também pode ser chamado de Plano-Mestre. Neste caso, o homem não pode interferir. Mas, a outra palavra é “thelema”, é significa “o desejo que o Pai tem para cada um de seus filhos”. Neste caso, o homem pode interferir. O“thelema” requer a nossa cooperação.Portanto, ao orarmos:
“Seja feita a tua vontade”, estamos pedindo que o desejo do Pai se cumpra em nós e que vamos cooperar com Ele na concretização de sua vontade.
“Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” – Quando buscamos primeiramente o Reino de Deus e nos submetemos a Sua vontade, podemos orar acerca de nossas necessidades diárias. A partir daí já não teremos atitudes egoístas, pois nossos desejos e vontades estarão totalmente rendidos ao Senhor. Observe que a expressão máxima aqui é “Dá-nos” e não “Dá-me”. Ao orar assim, reconhecemos que Deus é a fonte de todo sustento, seja espiritual ou material para todos os seus filhos.
“Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores” – Duas coisas a aprender na cultura do Reino:
“receber” e “dar” o perdão pelas ofensas pessoais e injustiças causadas nós e pelos outros. Todos nós somos devedores, primeiramente a Deus. “E afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:8-9). Quando confessamos nossos pecados ao Pai somos perdoados. Mas o perdão também deve se manifestar é as ofensas diretas e indiretas de outros. Uma “ofensa direta” ocorre quando alguém o ofende. As “ofensas indiretas” são quando alguém fere a alguém a quem estimamos e tomamos conhecimento dessa ofensa. Jesus ensinou que nós deveríamos tratar com tais “dívidas” orando,
“Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Jesus tratou acerca deste princípio da seguinte maneira: “E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Marcos 11:25).
“E não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal” – Tiago indica que Deus não tenta ao homem. “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: Estou sendo tentado por Deus. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1:13). Então, quem nos tenta? O mesmo Tiago responde-nos: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tiago 1.14-15). Mas Jesus disse:
“Livra-nos do Mal”. Que mal é esse? É o próprio Maligno. Quando cedemos às paixões carnais nos tornamos vulneráveis ao Maligno. Muitas vezes somos tentados em nossos sentidos naturais de ouvir, ver, sentir, tocar, e saborear.
“Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre” – A termo “porque” indica a razão pela qual a oração tem sido feita. Ou seja, já o reino, poder, e glória pertencem a Deus, nós podemos reivindicar as provisões, promessas, e proteção desta oração. Quando nós chegamos à parte final desta oração, devemos estar de acordo com tudo o que Deus diz sobre Seu Reino. Ao concluir a oração com
“Amém”, não significa um ponto final, mas é uma expressão clara de convicção. É o mesmo que dizer: “Assim mesmo, como eu tenho orado, assim mesmo será feito”. Em Apocalipse 3.14, Cristo é apresentado da seguinte maneira:
“Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus”. Quando oramos ao Pai em nome de Jesus, e ao dizermos “Amém”, afirmamos nossa declaração de fé em Seu Nome.
JEJUAR – UMA ATITUDE NA ADORAÇÃO QUE NOS FAZ OLHAR PARA DENTRO
“Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, ponha óleo sobre a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê no secreto. E seu Pai, que vê no secreto, o recompensará” (Mateus 6.16-18).
O jejum não muda Deus. Muda a nós mesmos. Ao jejuarmos somos levados a fazer uma sondagem interior. É bom frisar que jejum não deve ser um ritual que nos deixa contristados e abatidos, pelo contrário, isso é até rejeitado por Jesus.
Ao lermos Isaías 58 encontramos um tipo jejum que agrada a Deus ou é divinamente aprovado. O jejum que Deus que Deus se agrada deve ser fruto de decisões interiores que acabarão sendo refletidas em ações práticas em:
- Humilhar-se perante Ele (v. 5).
- Soltar as ataduras da maldade (v. 6).
- Desfazer as cargas pesadas (v. 6).
- Libertar os oprimidos (v. 6).
- Amar de maneira altruísta (v. 7).
Quando o nosso jejum é composto dessas atitudes, Aba, nosso Pai Celestial começa a se revelar em nós. “Aí sim, você clamará ao SENHOR, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar” (Isaías 58:9).
Ao jejuarmos como atitude de adoração dentro da Cultura do Reino, somos levados a experimentar resultados magníficos. Alguns desses resultados podem ser encontrados em Isaías 58.8-10:
“Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar; se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia. O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias”.
- Iluminação (vv. 8-10).
- Direção (v. 11).
- Provisão (v. 11).
- Rejuvenescimento (v. 11).
- Restauração (v. 12).
O princípio da adoração ensinado por Jesus foi apresentado em três atitudes: “Dar”, “Orar” e “Jejuar”. Em cada uma dessas atitudes Jesus foi categórico ao dizer que não devemos praticá-las com a motivação de sermos vistos e elogiados pelos homens. Ao contrário, somos chamados a desenvolver essas atitudes no secreto da vida cristã. O que fica claro neste ensino de Jesus é que não é o ato que precisa ser visto, mas o resultado.
As pessoas ao nosso redor serão afetadas a partir do momento em que manifestarmos a cultura do reino de Deus com um caráter relevante, sendo “Sal da terra” e “Luz do mundo”.
No Amor de Jesus,
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