xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: O Pai e o inferno

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O Pai e o inferno






No dia 2 de julho de 2013 passei por um dos momentos mais dolorosos da minha vida. Você pode pensar que é bobagem, mas é verdade: sofri demais por ter de disciplinar minha filha depois de muita birra da parte dela, conversas e conselhos sem resultado algum.
A dor que senti em ver as lágrimas rolarem pelo rostinho dela foi um “inferno” para mim. Fiquei “atormentado” até o momento em que chorei para aliviar a emoção, enquanto minha paciente esposa me convencia de que disciplina foi necessária e faz parte da vida de pais amorosos que, segundo meu amigo Manassés Queiroz, “devem ensinar à criança desde cedo o senso de justiça, além do amor incondicional”.
Essa experiência me levou a refletir na dor que Deus sentirá ao ter de punir as criaturas que tanto ama (Ap 20:10; Sl 37:20; Ml 4:1-3), por terem se apegado ao mal e rejeitado o projeto dEle (Jo 3:16; Rm 5:1; 1Ts 4:13-18) para salvá-las da morte eterna (Rm 6:23).
Deus é infinitamente melhor que eu, é essencialmente amor (1Jo 4:8, 16) e, com certeza, a punição dos rebeldes será um “inferno” muito pior para Ele do que o foi para mim, por ter de disciplinar minha filha. Concorda?
Porém, a cristandade tem aumentado o “tormento” do Criador com o ensino antibíblico do “tormento eterno”. Essa doutrina nos leva a imaginar um Pai amoroso que sofre pela eternidade toda de maneira incessante porque vê seus filhinhos que O rejeitaram serem “atormentados para todo sempre”. Uma verdadeira contradição.
Para você ter uma ideia, a evangelista Mary Kathryn Baxter, em sua obra A Divina Revelação do Inferno, narra (entre muitas outras coisas horríveis que não irei mencionar aqui), a agonia e o sofrimento de “almas” sendo atormentadas em “buracos” ou “compartimentos” do inferno que, segunda ela, é semelhante a um corpo humano, “muito grande e com muitos aposentos de sofrimento”[i].
Ela relata ter ouvido gritos agonizantes por toda parte e visto tais almas com suas “carnes caindo do esqueleto” enquanto eram queimadas cada uma em seu “aposento”. Num dos relatos, uma mulher em chamas e com as mãos esqueléticas tenta sair desse buraco, porém, um demônio – horrível em sua forma (sendo que os anjos, na realidade, foram criados por Deus com simetria e beleza) – a agarra e a lança novamente para dentro do seu eterno aposento (buraco) de castigo. As “pessoas” clamam pessoalmente a “Jesus” por misericórdia e a única coisa que ele faz é “chorar” e dizer a elas que “o julgamento já foi feito”.
É impossível ler uma obra dessas e não se chegar à conclusão de que Deus é pior que o Demônio (uma grande blasfêmia). Esse material tem convertido muitas pessoas, porém, da maneira errada: pelo medo. Esse medo do “inferno” faz a vida cristã ser potencialmente fracassada. Afinal, o medo tem muito pouca força motivadora sobre nossas boas decisões, em comparação com o amor que realmente motiva o cristão a perseverar, com paz de espírito, nos caminhos de Deus.
Além de contraditório e sádico, tal ensinamento faz com que Deus nunca tenha as lágrimas secadas dos Seus olhos, ao mesmo tempo em que Ele seca as lágrimas dos nossos (Ap 21:4). Ou seja: a doutrina do inferno eterno é uma incoerência, uma aberração teológica que, infelizmente, faz parte da crença de muita gente sincera que ama a Jesus.
Tais pessoas precisam abandonar esse ensino se quiserem ter um relacionamento mais significativo com o Criador ao compreenderem corretamente o caráter santo, justo e amoroso dEle.

TEXTOS SOBRE O “INFERNO”

Mesmo que a palavra “inferno” não seja bíblica e sim latim, concordo com qualquer irmão evangélico e católico de que as Escrituras apresentam um lugar de castigo dos ímpios, como lemos, por exemplo, em Mateus 5:22, 29, 30, 18:8, 9; Mc 9:44, 46-48; 23:15, 23; 25:46; Ap 14:11; 20:10, etc[ii].
Entretanto, o que desejo é que meus irmãos católicos e protestantes entendam que a Bíblia localiza o lago de fogo (ou “inferno”, como outros proferem) noutro período da história: depois dos mil anos mencionados em Apocalipse 20:1, 2. Transcreverei esses versos além de outros, para que o leitor possa localizar contextualmente o tempo em que o “inferno” será inaugurado:
E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos […] E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão […] E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta[iii]; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre (Apocalipse 20:1,2, 7 e 10)
Portanto, agora ninguém está sendo “castigado” porque o lago de fogo ainda não existe. O castigo final – tanto dos anjos maus quanto dos seres humanos rebeldes – será um evento futuro, que ocorrerá após a Segunda Vinda de Cristo e depois do milênio.
Não há como ter dúvidas quanto a isso: “Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo” (2Pe 2:4). “Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17:31 – Grifos acrescidos).
Veja outro texto muito importante para nosso estudo:
Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda… E estes [os “bodes” ou ímpios] irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna (Mt 25:31-33, 46).
Uma leitura simples é suficiente para nos ensinar que somente após a volta de Cristo é que Ele fará a separação definitiva entre justos e injustos, salvos e perdidos, para só então dar o “castigo eterno”. Portanto, segundo Apocalipse 20:1-10, o “castigo eterno” será após o milênio de Apocalipse 20. Enquanto isso, os mortos aguardam inconscientemente o dia do castigo (veja-se Eclesiastes 9:5, 6, 10).

O CASTIGO É ETERNO EM SUAS CONSEQUÊNCIAS

A declaração de Cristo em Mateus 25:46 é considerada um dos argumentos mais fortes a favor do sofrimento consciente e eterno daqueles que não aceitaram o projeto divino para salvá-los. Porém, cada vez mais os eruditos têm abandonado essa ideia que apresenta uma visão dualística grega da natureza humana, contrária ao pensamento bíblico-hebraico que vê o ser humano como holístico (integral).
Por exemplo, o respeitadíssimo teólogo britânico John R. W. Stott acertadamente afirma sobre esse texto:
Não, isso [o tormento consciente e eterno] é ler no texto o que não se encontra necessariamente ali. O que Jesus disse é que tanto a vida quanto a punição seriam eternas, mas nessa passagem Ele não define a natureza de nenhuma delas. Em razão de que noutros lugares Ele falou da vida eterna como desfrute consciente de Deus (Jo 17:3), não se segue que a punição eterna deva ser uma experiência consciente de dor nas mãos de Deus. Ao contrário, embora declarando que ambos são eternos, Jesus está contrastando os dois destinos: quanto mais dessemelhantes forem, melhor será.[iv]
Explicando o significado da expressão “castigo eterno”, erradamente interpretada por teólogos tradicionalistas como significando um “eterno castigar”, outro respeitado teólogo não adventista, Basil Atkinson, comenta:
Quando o adjetivo aionios [essa é a palavra grega para “eterno”] com o sentido de “eterno” é empregado no grego com substantivos de ação faz referência ao resultado da açãonão ao processo. Assim, a expressão “castigo eterno” é comparável a “eterna redenção” e “salvação eterna”, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma vez por todas por Cristo,com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos de uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo “vida” não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a própria vida é eterna. [v]
Um dos textos bíblicos que apoiam essa conclusão de Atkinson é 2 Tessalonicenses 1:9: “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”. Como destacou Bacchiocchi:
É evidente que a destruição dos ímpios não pode ser eterna em sua duração, porque é difícil imaginar um processo eterno e inconcluso de destruição. A destruição pressupõe aniquilamento. A destruição dos ímpios é eterna-aionios, não porque o processo de destruição continua para sempre, mas porque os resultados são permanentes. De igual modo [assim como nesse texto de 2 Tessalonicenses 1:9], a “eterna destruição” de Mateus 25:46 é eterna porque seus resultados são permanentes. É um castigo que resulta em sua eterna destruição ou aniquilamento. [vi]

VIDA ETERNA: UM DOM APENAS PARA OS QUE ACEITAM A JESUS

Se o castigo fosse eterno na duração e não apenas nas consequências (segunda morte – Ap 21:8), uma flagrante contradição haveria na Bíblia, pois ela ensina que a imortalidade é um dom de Deus apenas para os justos que aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador pessoal. Leia os versículos a seguir:
Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3:16, 36 – Grifos acrescidos).
Em 1 João 3:15 temos outra prova de que aqueles que forem “pecadeiros” (que fizerem do pecado um estilo de vida) e persistirem na inimizade contra Deus, deixarão de existir: “Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo”. Segundo o texto, o pecador impenitente deixará de existir (Sl 37:20; Ml 4:1-3) após ser castigado no lago de fogo (Ap 20:10) proporcionalmente às suas obras (Mt 11:20-24; Lc 12:47, 48). Porém, não nos esqueçamos de que a punição de alguns envolverá mais tempo no lago de fogo antes da aniquilação final[vii].
Queiramos ou não, esse é o ensinamento bíblico e a forma de Deus lidar com o pecado e com o destino final dos seres humanos.
Desse modo, a vida eterna é para quem aceita a Jesus e come da árvore da vida (Gn 3:22-24).
Quem não aceitar a Cristo e não comer da árvore da vida não poderá “viver eternamente” dentro de um lago de fogo. Do contrário, seria possível ter vida eterna sem aceitar a Jesus e sem comer da árvore da vida (cf. Ap 22:2).
Isso é tão claro e lógico nas Escrituras que creio de coração que muitos outros leitores refletirão sobre o tema com a Bíblia nas mãos, e deixarão de lado uma doutrina tão irracional e antibíblica como a do “tormento eterno”.

CONCLUSÃO

A Bíblia ensina o holismo (que consiste na unidade indivisível de todos os aspectos do ser: físico, mental, espiritual e social) ao invés do dualismo grego, (que consiste na divisão entre “corpo e alma”). O holismo ensina que a redenção final envolverá tanto o corpo como a alma – o ser integral – por ocasião da volta de Jesus (1Ts 4:13-18; 1Co 15:51-55). Isso também é evidente no ensino bíblico de que o corpo não é a “prisão da alma”, como ensinavam especialmente os gregos, mas sim o “templo do Espírito Santo” (1Co 3:16, 17; 6:19, 20). Ou seja, o corpo é considerado sagrado e fará parte do processo de redenção.
Do mesmo modo que a salvação em Cristo envolve a redenção de todo o ser, impossibilitando assim a existência de “espíritos desencarnados” no Céu, a perdição não envolve apenas a perdição ou aniquilação do corpo, mas, também da alma. Isso é claramente ensinado por Jesus Cristo em Mateus 10:28, quando nos adverte: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. [viii]
Já o momento histórico em que existirá o lago de fogo para castigar (Ap 14:11) e depois destruir o corpo e a alma dos ímpios (Sl 37:20; Fp 3:19) é localizado no futuro, após o milênio. Portanto, atualmente ninguém está sofrendo castigo no “inferno” (ver 2Pe 2:4; At 17:31).
Sendo a natureza humana holística, a “consciência do espírito”, separadamente do corpo, é uma impossibilidade. A morte é um estado de inconsciência (Sl 6:5; 88:10-12; 115:17; Ec 9:5, 6, 10; Jo 11:11-14) até o dia em que Jesus voltar e ressuscitar aqueles que hoje descansam (cf. Is 26:19; Dn 12:2; Jr 51:57; 1Ts 4:13; 1Co 15:18, etc). Enquanto a pessoa não voltar a comer da árvore da vida, não será eterna (ver Gn 3:22-24; Ap 22:2).
Considerando que Deus é infinitamente mais amoroso que qualquer ser humano, Sua disciplina e castigo sempre serão melhores, mais justos e, ao mesmo tempo, mais misericordiosos do que as ações de qualquer pai pecador. Portanto, crer na doutrina do “tormento eterno” é tornar um pai humano “menos cruel” que Deus. A doutrina do “inferno” ensina nas entrelinhas que a natureza humana é mais justa e amorosa que a divina. Não estou baseando esse estudo no meu sentimentalismo, que nunca deve se sobrepor às Escrituras, (Is 8:19, 20; Jo 17:17) mas, na realidade dos fatos. Deus será rigoroso no castigo dos ímpios e, depois, aniquilamento. Porém, rigoroso sem ser cruel.
Se um ser humano pecador sofre em ver um filho sofrer, mesmo que isso seja importante para o crescimento dele, imagine como Deus sofreria em ver seus filhos serem atormentados eternamente sem que isso os levasse a algum crescimento espiritual.
Sem dúvidas, se existisse um inferno eterno, a eternidade seria um “tormento eterno” para Deus, e as lágrimas dos salvos nunca seriam secadas de seus rostos (Ap 21:4) ao saberem que num determinado lugar do universo seus queridos, que não foram salvos, clamam dia e noite por alívio de uma pena que “nunca terá fim”.
É um absurdo e um atentado contra a Bíblia e a razão imaginar que Deus dará a mesma sentença e punição no lago de fogo ao Diabo – pai do pecado e que levou muitos a pecarem – e a um pecador que viveu pecando 80 anos, por exemplo. Isso é uma distorção terrível da justiça divina que, segundo as Escrituras, punirá a cada um proporcionalmente às suas obras, de modo que alguns receberão “muitos açoites” e, outros, “poucos açoites” (Lc 12:47, 48).
Por essas e outras razões, concordo plenamente com Ellen G. White quando ela afirma:
Satanás tem atribuído a Deus todos os males herdados pela carne. Tem-No representado como um Deus que Se deleita nos sofrimentos de Suas criaturas, vingativo e implacável. Foi Satanás que deu origem à doutrina do tormento eterno como castigo pelo pecado, pois assim podia levar os homens à incredulidade e à rebelião, perturbar as almas e destronar a razão humana[ix]
Conclui-se também que a obra A Divina Revelação do Inferno, da evangelista Mary Baxter, onde ela narra sua “visão” do inferno enquanto “lá esteve com Jesus” por 30 dias[x], no ano de 1976, não é o resultado da revelação divina.
Sem questionar a sinceridade, cristianismo e dedicação da autora, podemos garantir que o referido livro pode perfeitamente ser chamado de “A diabólica revelação do inferno”, originada na mente daquele que quer manchar o caráter amoroso e justo de Deus, e afastar pessoas sinceras da verdade bíblica sobre a natureza holística do ser humano (cf. 1Ts 5:23, 24). Obras como essa são responsáveis por conversões motivadas mais pelo medo de ir para o inferno do que no desejo (gerado pelo Espírito) de viver para sempre com Jesus.
Com isso, o Diabo consegue fazer com que o cristianismo e o espiritismo deem as mãos na crença da imortalidade natural da alma (sem necessitar comer da árvore da vida), despreparando assim as pessoas para a volta de Jesus Cristo.

DICA DE LEITURA

Finalizo recomendando a leitura da obra Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno, de Samuele Bacchiocchi. Em breve ela será relançada com um novo título.
Prefaciada por Clark H. Pinnock, teólogo evangélico e professor de Teologia no McMaster Divinity College Hamilton em Ontário, Canadá, esse livro é um dos melhores estudos bíblicos sobre a doutrina da imortalidade sob uma perspectiva bíblica.
Além do fortíssimo embasamento bíblico, a obra apresenta mais de 1000 pesquisas recentes, realizadas por pesquisadores protestantes e católicos[xi] que têm abandonado a visão dualística grega sobre a natureza humana e voltado para as Escrituras. Consequentemente, eles têm abraçado o holismo bíblico e rejeitado a doutrina do tormento consciente e eterno dos ímpios.
O material foi publicado pela Imprensa Universitária Adventista (UNASPRESS) e poderá ser adquirido no site http://unaspstore.com.br/ ou pelo telefone (19) 3858-9055. No momento ela se encontra esgotada e em processo de reedição, como mencionei. Porém, reserve a sua desde já, escrevendo para a referida editora.

REFERÊNCIAS

[i] Mary Baxter, A Divina Revelação do Inferno (Rio de Janeiro: Danprewan, 2012), p. 32.
[ii] Para uma breve análise de alguns dos textos usados em defesa da doutrina do tormento consciente no inferno, recomendo a leitura do um estudo que elaborei, e que está disponível no post “Irmão evangélico deixa de acreditar na doutrina do ‘tormento eterno’”. Acesse: namiradaverdade/irmao-evangelico-deixa-de-acreditar-na-doutrina-do-tormento-eterno/
[iii] Imortalistas alegam que a menção ao lago de fogo em Apocalipse 19:20 pressupõe que o mesmo existe antes do milênio. Porém, essa pressuposição é falsa, considerando 2 Pedro 3:10. Esse texto diz que a Terra se tornará num grande lago de fogo por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, ou seja: o Planeta será um lago de fogo antes do milênio. Como destacou o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 7 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 973: “Acerca desse assunto, Tiago White escreveu: ‘Portanto, há dois lagos de fogo; um em cada ponta do período de mil anos’ (Review and Herald, 21 de janeiro de 1862)”. Deve-se também considerar que “a besta e o falso profeta”, que foram lançados no “lago de fogo”, queimaram com a Terra no retorno de Cristo, como vê-se em 2 Pedro 3:10. Não estavam sendo atormentado conscientemente durante todo o milênio, pois segundo Apocalipse 20:5 e 6, o restante dos mortos (incluindo a besta e o falso profeta) não reviverá até que se completem os mil anos.
[iv] John Stott and David L. Edwards, Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue (Londres, 1988), p. 317.
v] Basil F. C. Atkinson, Life and Immortality. An Examination of the Nature and Meaning of Life and Death as They Are Revealed in the Scriptures (Taunton, Inglaterra, s/d), p. 101. Grifos acrescidos.
[vi] Samuele Bacchiocchi, Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista, 2007), p. 200. Grifos acrescidos.
[vii] Ellen White foi muito equilibrada ao comentar sobre isso no livro O Grande Conflito, p. 544, 545: “Em consequência do pecado de Adão, a morte passou a toda a raça humana. Todos semelhantemente descem ao sepulcro. E, pelas providências do plano da salvação, todos devem ressurgir da sepultura. “Há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos” (Atos 24:15); ‘assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.’ I Cor. 15:22. Uma distinção, porém, se faz entre as duas classes que ressuscitam. ‘Todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.’ João 5:28 e 29. Os que foram ‘tidos por dignos’ da ressurreição da vida, são “bem-aventurados e santos’. ‘Sobre estes não tem poder a segunda morte.’ Apoc. 20:6. Os que, porém, não alcançaram o perdão, mediante o arrependimento e a fé, devem receber a pena da transgressão: ‘o salário do pecado’. Sofrem castigo, que varia em duração e intensidade, “segundo suas obras”, mas que finalmente termina com a segunda morte.

Visto ser impossível para Deus, de modo coerente com a Sua justiça e misericórdia salvar o pecador em seus pecados, Ele o despoja da existência, que perdeu por suas transgressões, e da qual se mostrou indigno. Diz um escritor inspirado: ‘Ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar e não aparecerá.’ E outro declara: ‘E serão como se nunca tivessem sido.’ Sal. 37:10; Obad. 16. Cobertos de infâmia, mergulham, sem esperança, no olvido eterno. Assim se porá termo ao pecado, juntamente com toda a desgraça e ruína que dele resultaram. Diz o salmista: ‘Destruíste os ímpios; apagaste o seu nome para sempre e eternamente. Oh! inimigo! consumaram-se as assolações.’ Sal. 9:5 e 6. João, no Apocalipse, olhando para a futura condição eterna, ouve uma antífona universal de louvor, imperturbada por qualquer nota de discórdia. Toda criatura no Céu e na Terra atribuía glória a Deus. Apoc. 5:13. Não haverá então almas perdidas para blasfemarem de Deus, contorcendo-se em tormento interminável; tampouco seres desditosos no inferno unirão seus gritos aos cânticos dos salvos”.
[viii] O teólogo evangélico Oscar Cullmann, que também abandonou a doutrina do tormento eterno, acertadamente escreveu sobre o referido texto: “ouvimos na declaração de Jesus em Mateus 10:28 que a alma pode ser morta. A alma não é imortal” (Oscar Cullmann, “Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead?” em Immortality and Resurrection. Death in the Western World: Two Conflicting Currents of Thought, ed. Krister Stendahl [Nova York, 1968], p.p. 36, 37).
[ix] Ellen G. White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007) p. 27, 28 (Grifos acrescidos). Ver também O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), especialmente as páginas 544 e 545.
[x] Baxter, A Divina Revelação do Inferno, p. 13.
[xi]Ver Bacchiocchi em Crenças Populares: o que as pessoas acreditam e o que a Bíblia realmente diz(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012), p. 7.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

?????

Redes Sociail

..