Reflexão pastoral
Reflexão do dia: Provérbios 15.7
“As palavras dos sábios espalham conhecimento;
mas o coração dos tolos não é assim”.
Dizem que um jovem foi enviado a Sócrates para aprender a arte da oratória. Ao ser apresentado ao filósofo, ele falou tanto que Sócrates disse que cobraria taxa dupla. “Por que me cobrar o dobro?”, perguntou o jovem. Sócrates respondeu: “Porque eu preciso lhe ensinar duas ciências: o modo de conter sua língua e o de falar aos outros. A primeira ciência é a mais difícil, mas visa à proficiência no que faz, ou você vai sofrer muito e criar problemas sem fim”.
O assunto a respeito da fala é um tema recorrente em Provérbios, provavelmente por ser responsável pela maior parte dos problemas, tanto no passado como no presente. A primeira cláusula do versículo não é muito diferente do que foi dito no v.2 do mesmo capítulo, afirmando que, quando os sábios falam, eles “espalham conhecimento”. A novidade é que em lugar de contrapor “as palavras dos sábios” às palavras ou à língua dos tolos, o que surge como contraponto na segunda parte do versículo é “o coração dos tolos”. Com isso, Salomão atinge em cheio a fonte das palavras, sejam sábias ou tolas. Não se trata apenas de saber falar ou de dominar técnicas como as que Sócrates ensinava, mas de observar o que cada homem abriga em seu coração. Assim, falando sobre o que o tolo fala, o escritor diz que seu coração “não é assim” como o do sábio, que espalha conhecimento ao falar.
A lição que o rei sábio transmite parece ser a versão do Antigo Testamento de algo que Jesus também ensinou: “O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’; mas o que sai de sua boca, isto o torna ‘impuro’” (Mt 15.11). Ao ser questionado sobre o sentido dessas palavras, Jesus respondeu: “As coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro’. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15.18,19). Por isso, antes de aprendermos o que dizer, temos de aprender o que pensar, o que ler, a que programas assistir, a que companhias e amizades devemos nutrir e com que iremos gastar nosso tempo. Tudo isso influencia o que é cultivado no coração e, consequentemente, o que é exposto pela boca. Cuide do seu coração e ele cuidará da sua boca!
Pr. T. Tronco
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