xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: Afinal, Jesus esteve ou não no paraíso? (Lucas 23.42)

sexta-feira, 4 de março de 2016

Afinal, Jesus esteve ou não no paraíso? (Lucas 23.42)


Afinal, Jesus esteve ou não no paraíso com o ladrão no mesmo dia de sua morte na cruz?



Tudo se passou durante a crucificação, enquanto um ladrão zombava e desafiava a Jesus da mesma forma que tinha feito a multidão na via dolorosa, o outro ladrão repreendia-lhe acreditando que Ele era realmente o Messias esperado dos judeus, e declarando sua fé disse o ladrão: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. (Lucas 23.42)

A polêmica nos dias atuais se fundamenta no versículo seguinte, a resposta de Jesus: E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas 23.43)

E aí o Desavisado lembra: A bíblia nos diz que Jesus só subiu para o Pai quarenta dias após Sua ressurreição, como é que Ele estaria no mesmo dia no paraíso?

A gente responde: Jesus não disse que estaria no mesmo dia no paraíso. O que houve foi uma confusão nas traduções bíblicas, muitas propositais outras nem tanto. Ocorre que o Novo Testamento foi escrito em grego, e para ficar bom em caracteres maiúsculos, para ficar melhor ainda numa época que não existia pontuação. O Novo Testamento foi escrito durante o primeiro século da hera cristã, a pontuação foi inserida na escrita efetivamente a partir do século IX e as primeiras traduções bíblicas do Novo Testamento foram feitas somente a partir do século IV. 

Não podemos exigir que eles modernizassem a escrita prematuramente só para o bem de nosso entendimento, lembre que naquela época não existia imprensa! Temos que ler a Bíblia com bom senso  e muita fé para evitar polêmicas infundadas como esta que o mundo usa para desafiar a nossa fé. De fato, além da Bíblia, a memória das poucas obras literárias antigas que temos hoje devemos ao bom trabalho de escribas ou historiadores como Flávio Josefo, que reuniu toda a história dos judeus até sua época, no livro de "Antiguidades Judaicas" no século I d.C. Voltando ao assunto...

[...] Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que HOJE estarás comigo no Paraíso. (Lucas 23.42-43)
 A Questão do “Hoje” (Adaptado de Publicações Cristãs)

Vejamos como Lucas 23.43 está registrado em diferentes versões bíblicas:

  • “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreiras de Almeida: revista e atualizada no Brasil; revista e corrigida, edição de 1995). 
  • “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Bíblia de Jerusalém, Sociedade Bíblia Católica Internacional Paulus).
  • “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no Paraíso” (Nova Versão Internacional, International Bible Society). 
  • “Eu lhe afirmo que hoje você estará comigo no paraíso” (A Bíblia na Linguagem de Hoje, Soc. Bíblia do Brasil, 1988).
  • “Truly I say to you, Today you will be with me in Paradise” (Bible in Basic English. Fonte: Online Bible).
  • “And he said unto him, Verily I say unto thee, To-day shalt thou be with me in Paradise” (1901 – American Standar Version. Fonte: Online Bible).
  • “Entonces Jesús le dijo: De cierto te digo, que hoy estarás conmigo en el paraíso” (1569 – Las Sagradas Escrituras. Fonte: Online Bible).
  • “And Jesus said unto him, Verily I say unto thee, To day shalt thou be with me in paradise” (1789 Authorised Version. Fonte: Online Bible). 
  • “I tell you in solemn truth," replied Jesus, "that this very day you shall be with me in Paradise." (1912 – Weymonth New Testament. Fonte: Online Bible).
  • “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreira de Almeida, Edição Corrigida Fiel – Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil). 
  • “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso” (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, Editora Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados). 

Sobre o assunto, eis parte dos comentários de John Gill´s Expositor, em CD-Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil (traduzido):

“Alguns removem a pontuação, e colocam-na após o "hoje", e lêem as palavras assim: “Eu digo hoje", como se Cristo estivesse declarando somente o tempo em que ele fez a promessa, e não o tempo em que o ladrão subiria com ele para o paraíso. Além de essa interpretação ser descabida e sem sentido algum, e inventada somente para servir a uma hipótese, não é conforme a maneira usual do discurso de Cristo, e contrária a todas as cópias e versões. Este exemplo da graça divina está registrado não para estimular a indolência, segurança e presunção, mas para incentivar a fé e a esperança em pecadores sensibilizados, em seus últimos momentos, e para impedir o desespero”. 

A pontuação e a conjunção


Desprezemos a pontuação e a conjunção “que” [que não existia no original grego, veio para "melhorar" a frase em algum momento da tradução]. Vejam: 

“Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”.

O que Jesus disse ao ladrão? “Hoje estarás comigo no Paraíso”. 

A frase exige pontuação quando alguém deseja escolher um sentido, forçando uma mudança: 

“Em verdade te digo hoje: estarás comigo no Paraíso”.

Note a colocação de pontuação (dois pontos) onde não existe pontuação. 

“Hoje" (do grego Semeron) em Lucas 23.43, deve ser ligado à declaração: “estarás comigo no Paraíso”; não há razão gramatical para a insistência de que a ligação deva ser com a declaração “Em verdade te digo”, nem tal ideia é necessária por exemplos da Septuaginta ou do Novo Testamento; a ligação apresentada é a correta. 

A promessa que o Senhor Jesus fez ao ladrão arrependido foi cumprida no mesmo dia; Jesus, quando morreu, entregou o espírito ao Pai e foi imediatamente em espírito ao próprio céu, o lugar da habitação de Deus. Para lá o apóstolo Paulo foi levado (2 Co 12.4), mencionado como o terceiro céu. A mesma região é mencionada em Apocalipse 2.7” (Dicionário VINE – páginas 692 e 849).

A moradia dos salvos após a morte será assunto de um próximo post, por enquanto fica um link sobre assunto:




 Até o século IV escrita era uma bagunça                                                      

Como surgiram os principais sinais de pontuação?

Foi um alívio. Até o século IV os textos eram escritos sem pontuação. “Tinham que ser interpretados”, conta o linguista Flávio Di Giorgi, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Não era fácil. No Oráculo de Delfos (século VII a.C.), um dos lugares da Antiguidade em que se faziam profecias consideradas divinas, ainda está escrito (em grego): “Ides voltarás não morrerás na guerra”. Quem lê entende que irá para a guerra e voltará a salvo. Era o contrário. Na verdade, queria dizer, se as vírgulas existissem: “ides, voltarás não (o “não” vem depois do verbo), morrerás na guerra.” Ou seja, vais morrer.

Os primeiros sinais de pontuação surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453). Mas sua função era diferente das atuais. O que hoje é o ponto final servia para separar uma palavra da outra. Os espaço brancos entre palavras só apareceram no século VII, na Europa. Foi quando o ponto passou a finalizar a frase. O ponto de interrogação é uma invenção italiana, do século XIV. O de exclamação também surgiu no século XIV. Os gráficos italianos também inventaram a vírgula e o ponto e vírgula no século XV (este último era usado pelos antigos gregos, muito antes disso, como sinal de interrogação). Os dois pontos surgiram no século XVI. O mais tardio foi a aspa, que surgiu no século XVII. Tudo foi ficando mais claro com o aumento da importância da escrita.

Revista Superinteressante. Seção Superintrigante. Edição 117, 01/06/1997. Extraído de SOS Estudante


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