xmlns:b='http://www.google.com/2005/gml/b'xmlns:data='http://www.google.com/2005/gml/data' xmlns:expr='http://www.google.com/2005/gml/expr'> Vida Cristã: A Parábola do Rico e Lázaro… Parábola, mesmo, ou um fato?

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Parábola do Rico e Lázaro… Parábola, mesmo, ou um fato?




A Parábola do Rico e Lázaro… Parábola, mesmo, ou um fato?



A Condição Humana após a Morte

Dentre alguns textos que, ao longo dos séculos, têm gerado um falso suporte para embasar e entendimento de que almas passeiam livres e atuantes após a morte, precisamos citar o texto de Lucas 16:19-31(o rico e Lázaro), que talvez seja o mais importante deles todos. A partir do aprofundamento e entendimento correto dessa passagem, da sua finalidade e significado, veremos que a Escritura é clara e não se contradiz nunca!
Talvez a chave para a formação do equívoco em torno do texto de Lucas 16:19-31, que analisaremos a seguir, resida no fato de que parte dos estudiosos sobre o assunto crêem tratar-se de um fato real narrado pelo Messias e não, uma parábola. Mas, o que Jesus narra sobre o rico e Lázaro é uma parábola ou um fato real? É o que veremos a seguir.
O que é uma parábola?
Nos Evangelhos, uma parábola é uma narrativa sempre colocada ao lado de uma certa verdade espiritual para fins de comparação. As parábolas do Mestre foram baseadas geralmente sobre experiências comuns da vida familiar cotidiana de Seus ouvintes, e freqüentemente sobre incidentes específicos que recentemente tinham ocorrido ou que eles podiam estar vivendo, no momento. A narrativa em si era, geralmente simples e resumida, e sua conclusão, normalmente, muito óbvia, de modo a não permitir dúvidas e, colocada lado a lado de uma verdade espiritual, era designada para ilustrar. A parábola, assim, tornava-se uma ferramenta pela qual os ouvintes podiam vir a compreender e apreciar a verdade. Desse modo, o Messias encontrava as pessoas onde elas estavam e, por uma agradável e familiar vereda, conduzia os seus pensamentos para onde pretendia dirigir-lhes.
Ao longo de sua narrativa, a Bíblia nos revela alguns diálogos inusitados! Vejamos:
Em Juízes 9:8-15, encontramos árvores envolvidas em um processo eleitoral para a escolha de um rei! Em II Reis 14:9, diálogo parecido ocorre entre um cardo e um cedro. Claro que o rei Joás não estava delirando. Trata-se de mais uma ilustração para se transmitir uma verdade!
Agora, veja os textos a seguir:
Gênesis 3:1-5 – “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?”.
Números 22:28-30 – “Então o SENHOR abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes?”.
Apocalipse 8:13 – “E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar. Na versão revista e atualizada lemos o seguinte: Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz..”..
Os casos acima são reais ou são fictícios? A águia do Apocalipse, na verdade, é um anjo (confira outras traduções)! A jumenta falou quando o Criador abriu a sua boca para alertar a Balaão. Também é lógico crer que o mesmo Deus que pode suscitar filhos a Abraão a partir de pedras (Mateus 3:9), e que criou a jumenta também é poderoso para fazê-la falar. E quanto à serpente? João nos explica que a serpente tão-somente foi usada como canal. Quem falava, na realidade, era Satanás. Confira no texto: Apocalipse 20:2 – “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos”.
E quando os mortos falam? A bíblia diz que as almas e até o sangue dos mortos clamam!
Gênesis 4:10 – E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
Apocalipse 6:9-11 – “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.” (Esse texto tem sido também interpretado equivocadamente, do qual também trataremos mais adiante).
A diferença entre as duas situações é que o sangue de Abel clamava da terra e as almas clamavam debaixo do altar. A semelhança é que em ambos os casos, uma voz é ouvida: voz de quem já morreu! Como os mortos só podem falar em estórias de terror ou em filmes de ficção, deduzimos que os casos citados acima tratam-se, tão somente de PARÁBOLAS!
Pelo Dicionário Aurélio, o termo Parábola significa: “1- Narração alegórica, na qual um conjunto de elementos evoca outra realidade de ordem superior. 2- História curta com analogias para contar verdades espirituais. 3- Uma narrativa em que pessoas e fatos correspondem a verdades morais e espirituais.”
A palavra inglesa “parábola” vem do grego parabolé, cujo equivalente hebraico é masal, significando: “uma justaposição, uma comparação, uma ilustração, um provérbio”. Em uma inflexão verbal, o termo significa “ordenar as coisas, uma ao lado da outra, ou seja, por comparação”. Por estas definições concluímos que, em uma parábola, lança-se mão de uma “ilustração alegórica” para exprimir uma verdade paralela, ou seja, um significado fora da própria ilustração.
Por todas as informações citadas acima, podemos afirmar categoricamente que, o relato do rico e Lázaro é uma parábola!
Um detalhe importante é que o Messias contou essa estória dentro de uma seqüência de parábolas: a do filho pródigo, a do administrador infiel e, na sequência, a parábola do rico e Lázaro. Por que este único relato não o seria, como afirmam alguns amados?
Com base nas melhores regras de interpretação de texto, podemos afirmar com segurança que, se no mesmo bloco de assunto (perícope de Lucas 15:3 a 17:10) há uma sequência ininterrupta de parábolas, fica evidente que a do rico e Lázaro também o é!
Em vista do fato fundamental de que uma parábola é dada para ilustrar a verdade, e geralmente uma verdade particular, nenhuma doutrina pode ser baseada sobre detalhes incidentais de uma parábola.
Esta parábola, em particular, é a mais comentada do evangelho de Lucas, devido ao fato de gerar controvérsia e ser mal compreendida pela Igreja de Jesus. Muitos têm afirmado que este relato de Cristo não é uma parábola, também pelo fato d’Ele não a ter mencionado como tal. Esta declaração é improcedente, já que há outras parábolas aceitas como parábolas, sem que Jesus as mencionasse como pertencendo a este gênero literário. Porém, de acordo com o Manuscrito D, que é o Código de Beza, esta parte do evangelho de Lucas trata-se de uma parábola.
Além disso, o fato do Mestre ter dado nomes aos personagens não indica que os mesmos existiram e que o relato seja literal. “Sendo uma alegoria, os personagens não podem ser reais, por isso cremos, que nem o rico nem lázaro existiram. Se a declaração fosse real, nela haveriam idéias pagãs, conceitos de tradição talmúdica e metáforas judaicas”. – Pedro Apolinário, Leia e Compreenda Melhor a Bíblia. Agosto de 1985. 2ª Edição Ampliada, pág. 219.
Vejamos as opiniões de outros estudiosos acerca do texto bíblico de Lucas 16:19-31:
Russell P. Shedd, em nota de rodapé, nos diz que esta parábola “não deve ser interpretada como fonte de informação sobre a vida no além” – Bíblia Shedd, página 1461, nota de estudo de Lucas 16:20 – Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo e Brasília/1997.
“Não há, na parábola, o propósito de dar informações acerca do mundo invisível. Nela é mantida a idéia geral de que a glória e a miséria depois da morte são determinadas pela conduta do homem antes da morte; mas os pormenores da história são extraídos das crenças judaicas relacionadas com a situação de almas no Sheol, e devem ser entendidas em conformidade com essas crenças. As condições dos corpos dos personagens são atribuídas a almas a fim de nos permitir compreender o enredo da narrativa.” – Rev. Alfred Plummer, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According St. Luke – New York – Scribners – 1920, pág. 393.
“Não há evidência clara de que os judeus, nos dias de Jesus, cressem num estado intermediário e, é inseguro ver nesta expressão [seio de Abraão] uma referência a tal crença.” – Sailer Mathews, art. “Seio de Abraão”, Dictionary of the Bible, James Hastings, pág. 6.
Smith, em seu conhecido dicionário bíblico, conclui: “É impossível firmar a prova de uma importante doutrina teológica numa passagem que reconhecidamente é abundante em metáforas judaicas.” – Dr. William Smith, Dictionary of the Bible, vol. 2, pág. 1038.
Edershein, em seu livro “Life and Times of Jesus, the Messiah”, afirma, categoricamente, que a doutrina da vida além da morte não pode ser extraída desta parábola.
O estudioso Charles B. Ives pondera: “Não se admite, como pretendem muitos, que o seio de Abraão seja uma expressão figurativa da mais elevada felicidade celestial, pois o próprio Abraão em pessoa aparece na cena. Se, pois, ele próprio se acha presente numa cena literal, é incorreto usar seu seio, ao mesmo tempo, em sentido figurativo. Se seu seio é figurado, então o próprio Abraão também o é, e também a narrativa inteira” – Charles B. Ives, The Bible Doctrine of the Soul, 1877, págs. 54 e 55.
“Jesus serve-se da concepção e crença comuns de Seu povo, a respeito de um estado intermediário entre a morte e a ressurreição final para, num diálogo sublime e simbólico mantido no mundo invisível entre Abraão e o rico…” – Sátilas Amaral Camargo, Ensinos de Jesus Através de Suas Parábolas, pág. 165.
Conforme exposto pelo Professor Pedro Apolinário, “Bloomfield declarou com segurança: ‘Os melhores comentadores, tanto antigos como modernos, com razão, consideram-na uma parábola’”.
O relato de Lucas 16, quando examinado pormenorizadamente, evidencia claramente que o mesmo trata-se de uma parábola; caso fosse literal, muitos absurdos (como um “espírito” pode sentir sede? O “céu” e o “inferno” são tão próximos a ponto de os mortos poderem conversar? Por que Abraão é o intercessor, e não o Messias? Por que Deus não está presente no céu? etc) teriam de ser aceitos como doutrina e muitas perguntas ficariam sem resposta.
Qual o público alvo dessa parábola?

Para evitar equívocos de interpretação, talvez nos falte o hábito de, ao ler uma passagem bíblica, perguntar a quê público se destina tal escrito! Diante do texto de Lucas 16:19-31, sobre o rico e Lázaro, esse exercício seria de muitíssima valia, pois ao descobrirmos a resposta, entenderíamos mais facilmente qual o objetivo de Jesus ter contado essa parábola!
Acerca do pouco que se sabe e quanto às circunstâncias que rodearam a apresentação desta parábola, fica evidente o fato de que a mesma foi dirigida especialmente aos fariseus (Lc 15:2, 16:14), mas também aos discípulos (16:1), aos publicanos e aos pecadores (15:1), e finalmente ao grande público que também o acompanhava (Lucas 12:1, 14:25).
Os fariseus, termo que significa “separados”, era a seita mais severa da religião judaica, segundo Atos 26:5. Foi uma seita criada no período anterior à guerra dos macabeus, com o fim de oferecer resistência ao espírito helênico que se havia manifestado entre o povo judeu, tendente a adotar os costumes da Grécia.
Os fariseus sustentavam a doutrina da predestinação, que consideravam em harmonia com o livre arbítrio. Criam na imortalidade da alma, que haveria de reencarnar-se, e também na existência do espírito; criam nas recompensas e castigos na vida futura, de acordo com o modo de viver neste mundo, que as almas dos ímpios eram lançadas em prisão eterna, enquanto que as dos justos, revivendo, iam habitar em outros corpos.
Os fariseus eram estritos e fanáticos conservadores bíblicos, e como escribas, difundiam ensinos exagerados que circundavam a lei e às observâncias legalistas. O historiador Flávio Josefo, que também era fariseu, diz que eles não somente aceitavam a lei de Moisés interpretando-a com exagerada diligência, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de que seus antecessores, que não estavam escritos na lei de Moisés. Conseqüentemente, esta crença tornou-se hereditária, professada por homens de caráter muito inferior ao conteúdo de sua mensagem.
Entendendo a parábola
Ao contar essa parábola, fica a suposição de que o Mestre queria dizer que os homens bons e maus recebiam suas recompensas imediatamente após a morte; porém, esse entendimento contradiz não só um princípio básico de interpretação, segundo já foi visto, de que cada parábola tem o propósito de ensinar uma verdade fundamental, mas também se choca frontalmente com o que a bíblia diz sobre o pós-morte.
Na verdade, nesta parábola, o Messias não estava tratando do estado do homem na morte, nem do tempo quando se darão as recompensas. Além disso, interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a bíblia apresenta como um todo, pois o sentido de cada parábola deve ser analisado a partir do contexto geral da bíblia, por exemplo, Lucas 14:14, que diz: “E serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos”.
Se um texto diz que não há recompensa no momento da morte, mas somente na ressurreição dos justos, não pode haver outro(no caso, a parábola do rico e Lázaro), que diga o contrário. Leia também Mateus 16:27, 25:31-40, I Coríntios 15:51-55, Apocalipse 22:12, dentre outros textos vistos anteriormente.
Nesta parábola, Jesus estava fazendo uma clara distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação, mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual e não coletiva, como criam.
A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as oportunidades nesta vida, em conexão com o contexto da parábola anterior, do administrador infiel: “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” (Lc 16:11).
Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo a vida eterna. Portanto, fica estabelecido que interpretar a parábola do rico e Lázaro de forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas escrituras, como comenta Chaij: “Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos, o absurdo de ter que admitir ser o ‘seio de Abraão’ o lugar onde os justos desfrutarão o gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros”.
Na Bíblia, não encontramos um lugar de descanso referindo-se como seio de Abraão. Mas, segundo Josefo, os judeus do tempo de Jesus criam numa fábula muito semelhante à dada pelo Mestre. Obviamente, não se pode deixar de reconhecer a íntima semelhança entre a fábula judaica e a parábola do rico e Lázaro. Por isso, os Judeus daquele tempo costumavam chamar o lugar dos justos de “seio de Abraão”, uma afirmativa que não é bíblica.
A Aplicação da Parábola
As lições apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém, vale enfatizar que os justos ou injustos receberão suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jó 14:12-15, 20 e 21, Salmos 6:5, 115:17, Eclesiastes 9:3-6 e Isaías 38:18).
A Bíblia não descreve um céu onde os justos são vistos pelos ímpios e nem um inferno de onde os perversos contemplam os justos e com eles mantém conversação. Na verdade, esta parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança. Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus, pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício do Seu desagrado para com os ímpios. Eles depositavam suas esperanças no fato de serem descendentes de Abraão e que, por ele ser seu progenitor, salvaria toda a sua semente.
Com a parábola, Jesus mostrou que o problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus havia afastado os fariseus e os judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esquecendo-se do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus:“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39).
A Bíblia declara que todos os homens serão julgados, seja na primeira ou na segunda ressurreição, e o tempo de receber a salvação é hoje! (Eclesiastes 12:14; Isaías 1:26-28; Jeremias 33:15).
A aplicação mais relevante desta parábola reside na metodologia do Messias em levar a mensagem do evangelho do reino. Cristo usou a crença dos fariseus, para lhes ensinar uma verdade fundamental, que significa a oportunidade de restauração que existe enquanto o homem vive. O que hoje é, aparentemente um problema ao se tentar interpretar a parábola, foi a solução para ensinar a verdadeira mensagem àqueles homens. O Mestre, em Lucas 16:19-31, não estava interessado em provar o que era errado e sim o que era certo, pois Ele é a Verdade; Cristo estava mais preocupado em mostrar a verdade, na linguagem daqueles homens, quebrando paradigmas, conceitos e preconceitos.

“Quem tem ouvidos para ouvir, OUÇA..”
Próximo artigo: “Moisés, Enoque e Elias: Onde eles estão agora?”
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